Promotores responsáveis pelo combate ao crime organizado em Goiás
entraram com uma representação na Corregedoria do Ministério Público do
Estado para investigar se um software "espião" instalado em computadores
do órgão foi utilizado para quebrar o sigilo de operações. O programa
foi detectado também em máquinas usadas por promotores que apuram as
atividades da Delta Construções em Goiás.
A representação, a que a reportagem teve acesso, afirma que os
computadores do órgão eram monitorados por um programa que "fotograva" a
cada 30 segundos a tela. Também era possível acessar qualquer máquina a
partir da sede do Ministério Público, em Goiânia, que está sob o
comando do procurador-geral Benedito Torres, irmão do senador Demóstenes
Torres (ex-DEM, sem partido-GO)
A denúncia, encaminhada em 23 de maio passado, atesta que o programa é
capaz de monitorar, sem autorização, o trabalho de promotores,
assessores e servidores. O caso foi descoberto em Itumbiara, no interior
de Goiás, e outros promotores, especialmente aqueles que atuavam na
área de combate ao crime organizado, também identificaram recentemente o
programa oculto. Na capital, cinco computadores e um notebook da 57.ª
Promotoria de Justiça, que investiga casos envolvendo a empreiteira,
também tinham o software.
Promotores possuem independência funcional e suas investigações não são
compartilhadas obrigatoriamente com o chefe do MP. "Este fato, objeto
da presente representação, é gravíssimo, porque alguns dos procedimentos
em curso na 57.ª Promotoria são sigilosos, o que poderá caracterizar a
prática de crime, por parte de quem tiver acessado nossos computadores e
por parte de quem determinou o acesso, ilegal e clandestino", diz o
texto da representação.
Espião - Peritos de informática mobilizados pelos promotores
confirmaram a instalação do programa, que era autoexecutável e ficava
oculto em todas as máquinas. "O que sabemos é que o programa tem um
potencial muito grande de espionagem", disse um dos promotores à
reportagem. O programa, segundo a representação, acessava arquivos
internos da máquina, sem necessidade de autorização ou sem que fosse
possível identificá-lo.
Enviada ao corregedor Aylton Flávio Vechi, a representação pede a
imediata retirada do programa de todos os computadores, a oitiva do
superintendente de informática do MP e auditagem das máquinas e o
esclarecimento de quantas vezes o espião foi utilizado, por quem e a
mando de quem. Além disso, quer saber se o procurador-geral de Justiça,
irmão de Demóstenes, autorizou acessos durante sua gestão, iniciada em
2011, ou teve conhecimento do uso do programa, instalado seis meses
antes de sua posse, mas até hoje operante.
O MP reconhece o uso de dois programas nos computadores do órgão para
suporte remoto. Conforme o diretor-geral, Frederico Guedes Coelho, o
serviço foi certificado conforme o ISO 9001 e todos os documentos
referentes aos programas são públicos desde julho de 2010. Coelho nega
uso para espionagem. "Não se observa a existência de atividade de
suporte oculta ou sem autorização nos equipamentos que seguem as
configurações, procedimentos e rotinas estabelecidas pela área técnica
de Tecnologia da Informação do MP-GO", afirmou em nota técnica enviada à
reportagem. Do site da revista Veja
2 comentários:
Sr Aluizio Amorim:
Somos os únicos a votar em urna eletrónica,com tanto espião por ai....
Saudações
Ps fui sutil?
O PT pode fazer Uzos e Abuzos desse fato descoberto, para ferrá o hermano de Demóstenes. Se Ferar vai de Ferrari pro Paradizo.
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