Responsável pela defesa do ex-deputado Roberto Jefferson, autor da
denúncia do mensalão e um dos 38 réus do processo, o advogado Luiz
Barbosa disse nesta terça-feira, 24, que seu cliente "exagerou" ao
inocentar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Barbosa vai
sustentar tese contrária no julgamento do Supremo Tribunal Federal
(STF): dirá que Lula "ordenou" o mensalão.
"O Supremo considerou plausível para iniciar o processo que três
ministros - José Dirceu, Anderson Adauto e Luiz Gushiken - estariam
pagando deputados federais para votarem projetos de lei de iniciativa do
presidente da República. Eles (ministros) foram os auxiliares e ele (Lula)
ordenou, sim, que se fizesse aquilo que diz a acusação. Se ele não
tivesse ordenado, seria um pateta. É claro que os ministros não mandavam
mais do que ele (Lula)", sustenta o advogado.
Questionado sobre a razão de Jefferson ter dito que o então
presidente da República era "inocente", o advogado respondeu: "Foi uma
licença poética, por recomendação minha. Naqueles dias turbulentos ele
não deveria atacar Lula e Dirceu a um só tempo. O Lula não sabia nem
onde apagava a luz, o Dirceu tinha controle total do governo. Então o
alvo foi o Dirceu. Não demorou nem dois dias e ele deixou o governo (Dirceu era chefe da Casa Civil)
e voltou para a Câmara. Eu acho que o Roberto Jefferson exagerou
dizendo que Lula era um homem inocente. De todo modo, o responsável pela
defesa sou eu. Tenho total liberdade, sob pena de não patrocinar a
defesa. É meu trato com ele."
Roberto Jefferson passará por uma cirurgia para retirada de um tumor
no pâncreas no dia 28 de julho e não irá ao Supremo para o julgamento,
que começa dia 2 de agosto. Barbosa afirmou que a decisão de Jefferson
foi tomada antes do diagnóstico. "Não é produtivo, não ajuda o
julgamento", diz.
O advogado rejeita os dois crimes atribuídos ao cliente pela
Procuradoria Geral da República, de corrupção passiva e lavagem de
dinheiro. O ex-deputado, que teve o mandato cassado em setembro de 2005,
disse ter recebido R$ 4 milhões do PT para o PTB. Jefferson é
presidente nacional do PTB. "Esse processo não poderia ter existido e
foi feito para silenciá-lo, porque ele seria a melhor testemunha de
acusação. Ele recebeu R$ 4 milhões e deveria ter recebido R$ 20 milhões
para a eleição municipal de 2004. E que lavagem de dinheiro se o PT na
época era uma vestal incontestável? Ele (Jefferson) não poderia
suspeitar da origem do dinheiro, nem ele nem ninguém", diz Barbosa.
Para o advogado, salvo alguns réus que respondem por evasão de divisas, o
julgamento "vai ser um festival de absolvições". Do site do jornal O Estado de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário