A reportagem-bomba da revista Veja desta semana não está na capa da publicação, mas no miolo. O jornalista Reinaldo Azevedo, fez a postagem em seu blog e faço aqui a transcrição. É um depoimento contundente de uma ex-funcionária do Banco do Brasil. Segundo Reinaldo, é a única "punida" até agora no caso do mensalão. Não porque tenha participado da lambança, mas porque se recusou a participar e denunciou a trama que envolvia dinheiro público.
Aqui o texto integral:
Danevita: vida arrasada |
A
publicitária Danevita Magalhães não ajudou a desviar recursos públicos,
como fez o PT e seus dirigentes, não fraudou empréstimos bancários, como
o empresário Marcos Valério, nem sacou dinheiro sujo na boca do caixa
de um banco, como fizeram os políticos. Sua situação, porém, é bem pior
que a de muitos deles. Ex-gerente do Núcleo de Mídia do Banco do Brasil,
Danevita foi demitida por se recusar a assinar documentos que dariam
ares de autenticidade a uma fraude milionária.
Depois de
prestar um dos mais contundentes depoimentos do processo —
desconstruindo a principal tese da defesa, de que não houve dinheiro
público no esquema —, Danevita passou a sofrer ameaças de morte e não
conseguiu mais arrumar emprego. A mulher que enfrentou os mensaleiros
cumpre uma pena pesada desde que contou o que sabia, há sete anos.
Rejeitada pelos antigos companheiros petistas, vive da caridade de
amigos e familiares, sofre de depressão e pensa em deixar o Brasil. Só
não fez isso ainda por falta de dinheiro.
O
testemunho da publicitária foi invocado várias vezes no corpo da
sentença dos dois ministros que votaram na semana passada. Entre 1997 e
2004, Danevita comandou o setor do Banco do Brasil responsável pelo
pagamento das agências de publicidade que fazem a propaganda da
instituição. Sua carreira foi destruída quando ela se negou a autorizar
uma ordem de pagamento de 60 milhões de reais à DNA Propaganda, do
empresário Marcos Valério. O motivo era elementar: o serviço não foi e
nem seria realizado. Mais que isso: o dinheiro, antes de ser
oficialmente liberado, já estava nas contas da DNA, o que contrariava
frontalmente o procedimento do banco. Ela, portanto, negou-se a ser
cúmplice da falcatrua. Em depoimento à Justiça, Danevita contou ainda
que ouviu de um dos diretores da DNA que a campanha contratada jamais
seria realizada. “Como não assinei, fui demitida”, lembra.
Depois
disso, ela não conseguiu mais arrumar emprego e perdeu tudo o que
tinha. Saiu de um padrão confortável de vida — incluindo um salário de
15000 reais, carro do ano e viagens frequentes — para depender da boa
vontade de amigos e morar na casa da filha, que a sustenta. “Estou
sofrendo as consequências desse esquema até hoje. O pior é que eu não
participei de nada. Você deveria falar com Dirceu, Lula…”, disse.
Danevita
hoje vive reclusa na casa da filha e evita conversar sobre o mensalão.
Ela conta que sofreu três ameaças de morte. Sempre telefonemas anônimos,
pressionando-a para mudar suas alegações às autoridades. Seu desespero é
tamanho que, em entrevista a VEJA, ela pediu para não ser mais
procurada: “Peço que me deixem em paz. Eu não tenho mais nada a perder”,
disse. Danevita credita aos envolvidos no esquema — e prejudicados pelo
teor do seu testemunho — as dificuldades que tem encontrado no mercado
de trabalho. Apesar de um currículo que inclui altos cargos em empresas
multinacionais, ela conseguiu apenas pequenos serviços. A publicitária
não tem dúvida de que os mensaleiros a prejudicam, mas não cita nomes.
“Fico muito magoada com isso. Já perdi meu dinheiro e minha dignidade”,
desabafa. Ela não acredita que o Supremo Tribunal Federal vá punir os
mensaleiros.
Situação
parecida vive o advogado Joel Santos Filho. Ele foi o autor da gravação
do vídeo no qual o ex-diretor dos Correios Maurício Marinho aparece
recebendo propina e contando como funcionava o esquema de arrecadação do
PTB. A reportagem, publicada por VEJA em maio de 2005, está na gênese
do escândalo. Foi a partir dela que o presidente do PTB, deputado
Roberto Jefferson, revelou a existência do mensalão. Joel conta que foi
chamado por um amigo empresário, que tinha os interesses comerciais
prejudicados nos Correios, para colher provas de que lá funcionava um
esquema de extorsão. Pelo trabalho de filmagem, não ganhou nada e ainda
perdeu o que tinha. Durante as investigações do mensalão, Joel teve
documentos e computadores apreendidos — e nunca devolvidos. Apesar de
não ter sido acusado de nada, foi preso por cinco dias e ameaçado na
cadeia: “Fui abordado por outro preso, que disse saber onde minha
família morava e minhas filhas estudavam. Ele me alertou: ‘Pense no que
vai falar, você pode ter problemas lá fora”. Joel sustenta sua família
hoje por meio de bicos. “Fiquei marcado de uma forma muito negativa”,
lamenta. Do blog do Reinaldo Azevedo
3 comentários:
Pois é, Aluízio, o tal do New York Times entrevista o exLulla, mas as vítimas delle, com todas as vítimas dos comunistas, são jogadas na vala comum do esquecimento.
Isso nos dá apenas uma noção do tipo de gente que um povo iludido tem eleito e aplaudido. Qualquer quadrilha do tipo Al Capone seria menos perigosa que essa organização, cujos atos indignos nos envergonham.
Cagliostro
É isso aí, minha filha. Sentiu agora o jogo-de-corpo do espirito de corpo?!!
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