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segunda-feira, setembro 03, 2012

MISTÉRIO: CRUZ VERMELHA REPASSA DINHEIRO PARA GERIR HOSPITAL DE BANEÁRIO CAMBORIÚ A ONG DO MARANHÃO LIGADA A SEU DIRIGENTE, DIZ JORNAL.

Hospital Ruth Cardoso, de Balneário Camboriú (SC)
A filial gaúcha da Cruz Vermelha Brasileira repassou verbas públicas -que recebeu para gerir um hospital- para uma ONG ligada a seu vice-presidente nacional.

O contrato previa o repasse total de R$ 82 milhões para administrar o hospital Ruth Cardoso, em Balneário Camboriú (SC) -que faz, em média, 7.000 atendimentos por mês- mas acabou sendo cancelado pela prefeitura por suspeita de desvio de verba.

Após auditoria, o poder municipal resolveu assumir a gestão do hospital. Entre agosto de 2011 e abril de 2012, a filial gaúcha da entidade recebeu R$ 12,8 milhões.

A documentação encontrada no hospital pela prefeitura mostrou que, do total entregue pela prefeitura para a gestão do hospital Ruth Cardoso, ao menos R$ 100 mil acabaram em outro lugar.

O dinheiro foi repassado pela Cruz Vermelha a uma entidade a 3.450 km de Balneário Camboriú, o Humanus (Instituto Interamericano de Desenvolvimento Humano).

Localizado em São Luís, no Maranhão, o Humanus estava registrado até o mês passado em nome da mãe do vice-presidente nacional da Cruz Vermelha, Anderson Marcelo Choucino.

A auditoria revelou ainda notas fiscais a título de "consultoria" e transferências em favor da filial maranhense da Cruz Vermelha Brasileira, comandada por Carmen Serra, irmã do presidente da entidade nacional, Walmir Serra Jr.
O presidente da Cruz Vermelha confirma a existência de contratos com ONGs ligadas a dirigentes e diz que a entidade vive um período de disputa interna.

CONVÊNIO
Em julho, a revista "Veja" revelou que a entidade assistencial no Brasil é suspeita de desviar dinheiro das campanhas de doações e de contratos com órgãos públicos.

Em outro caso, a filial de Petrópolis (RJ) da Cruz Vermelha recebeu R$ 3,5 milhões do governo do Distrito Federal para gerir duas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento).

O serviço nunca foi prestado, mas o dinheiro "sumiu" da conta da entidade.
Segundo a movimentação bancária da Cruz Vermelha, que aparece em auditoria interna feita pela atual presidente da filial, Letícia Chelini, quase R$ 2 milhões foram para a conta de uma entidade chamada Cape, no Rio.

O Cape funcionou, diz o consultor Luiz Carlos Franca, responsável pela entidade em 2010, no endereço do Ciap, ONG fechada sob acusação de desvio de verba da saúde e de lavagem de dinheiro, após devassa da Polícia Federal.
Franca disse ainda que fez trabalho de consultoria nas duas entidades -o site do Cape mostra que essa ONG fez contratações de profissionais da saúde para o Ciap.

No comando do Ciap no Maranhão figurou, até 2008, o atual vice-presidente da Cruz Vermelha.

Já Carmen Serra, da filial maranhense e irmã do presidente nacional, coordenou o braço educacional do Ciap.

No Ruth Cardoso, em Santa Catarina, atuaram ao menos quatro diretores do Ciap. Da Folha de S. Paulo desta segunda-feira

SERRA JR. DIZ QUE PEDIU AUDITORIA
Walmir Serra Jr.
O presidente nacional da Cruz Vermelha Brasileira, Walmir Serra Jr., afirmou desconhecer detalhes da documentação do hospital Ruth Cardoso, em Santa Catarina.

Sobre os repasses a ONG de pessoa ligada a dirigente da CVB, disse: "Em todas as filiais, há ligações com empresas de pessoas ligadas à Cruz Vermelha, eu creio. Essa é uma das razões pelas quais pedi auditoria externa".

"Hoje eu não sou uma pessoa bem quista aqui dentro. Há uma disputa muito grande pela instituição."

Questionado sobre repasses de verbas à seção comandada por sua irmã, disse que é uma das "menos próximas" à entidade nacional.

A irmã de Serra e presidente da seção Maranhão da entidade, Carmen Serra, não atendeu as ligações.

O vice-presidente nacional Anderson Choucino afirmou que a ONG Humanus, beneficiada com recursos que deveriam ter ido para um hospital, tem comprovações de pagamentos que justificam as movimentações.

A Folha solicitou as cópias, mas não as recebeu.
Questionado sobre o fato de o Humanus estar em nome de sua mãe, Choucino não comentou nada.

O presidente da CVB no RS, Nício Lacorte, responsável pela gestão do Ruth Cardoso, disse que eventuais culpados devem ser punidos.

Para Lacorte, após a intervenção, os gastos da prefeitura cresceram.
"A Cruz Vermelha, mesmo que estivesse desviando -vamos trabalhar com a hipótese-, estava administrando muito mais barato do que a prefeitura hoje."
O ex-tesoureiro da CVB nacional, Ryan Souza, disse que não daria entrevista e que já contratou um advogado.

PETRÓPOLIS
No caso de Petrópolis, o presidente da filial em 2010, Douglas Oliveira, afirmou que assinou o contrato a mando do presidente anterior, Richard Strauss, e que foi um "laranja". Procurado, Strauss não respondeu.

O consultor que respondia pelo Cape em 2010, Luiz Carlos Franca, disse não se lembrar de repasses da CVB de Petrópolis para a ONG.

Ele também disse que não sabe quem responde pela entidade atualmente. Da Folha de S. Paulo desta segunda-feira

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