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terça-feira, agosto 27, 2013

ARTIGO: Dilma e seu governo faz de conta.

Por Nilson Borges Filho (*)
A presidente Dilma Rousseff tem uma capacidade impressionante para dizer bobagens, seja no privado ou em público. Sua Excelência derrapa na gramática, diz coisas sem o menor sentido e costuma brigar com os fatos. Depois de medir forças com parlamentares da base alugada e jogar pesado com caciques do PMDB – principal ator do consórcio situacionista – Dilma, a destemida, de olho nas eleições de 2014, passou de crítica a personagens nefastos da classe política à aduladora desses tipinhos. Renan, Eduardo Alves e Eduardo Cunha, gente da da pior espécie da fauna parlamentar, são recebidos no Palácio do Planalto com toda a pompa pela presidente.
Provavelmente, depois dos cumprimentos protocolares, Dilma corre para o banheiro para desinfetar as mãos. Quase sempre com cara de nojo, quando se via obrigada a participar de encontros com fins meramente politiqueiros, a presidente agora faz o perfil da “estadista”. Beleza, se não fosse uma jogada rasteira de oportunismo eleitoral.
Minas se transformou no palanque da presidente, não porque lá nasceu e o Estado mereça atenção especial, mas sim porque o seu adversário, o senador mineiro Aécio Neves, pontua positivamente nas pesquisas de opinião para a presidência da República.
Dilma, nos últimos dias, esteve quatro vezes em terras mineiras, tentando minar a candidatura de Aécio, sendo que nesta terça-feira Dilma abusou da paciência dos mineiros no geral e dos belohorizontinos em particular. Ao se referir a Márcio Lacerda, prefeito de BH, a presidente não deixou por menos: “gostaria de cumprimentar o prefeito de Porto Alegre ...”.
O tucanato mineiro vibrou com a gafe presidencial e Aécio Neves deve ter subido mais uns pontinhos na corrida para o pleito de 2014. Isso me faz lembrar o ex-presidente Jânio Quadros quando disputava a presidência contra o general Teixeira Lott. Quando perguntavam a Jânio por que não visitava, em campanha,  determinada cidade, de pronto respondia: “Lott já lá esteve, portanto meus votos estão garantidos”. Lott era, na opinião de Jânio, o seu mais forte cabo eleitoral. Dilma não empolga, nem mesmo a militância petista. Elegeu-se presidente na garupa de Lula, que deixou o governo com altos índices de aprovação. Dilma apresentava-se como a “continuidade sem continuísmo”. O eleitor comprou a promessa e deu no que deu, um governo à deriva, uma presidente que leva o país à bancarrota econômica e ao desprezo internacional.
Dilma decidiu bater boca com o diplomata Eduardo Saboia, encarregado pela embaixada do Brasil na Bolívia. Num ato corajoso, destemido e solidário, Saboia resgatou o senador boliviano Roger Molina, perseguido pelo cocaleiro Evo Morales, e o trouxe para o Brasil. Com a ajuda de fuzileiros navais, infantaria da nossa Marinha de Guerra, e de policiais federais, o diplomata fez o que fez, colocando inclusive sua carreira em jogo, para salvar a vida de um político asilado na embaixada brasileira, há mais de 450 dias, sem previsão de salvo conduto.
O governo, com sua política externa de canteiro de obras, no período em que Molina esteve asilado, jamais moveu uma palha para solucionar o imbróglio. Tanto o governo brasileiro como o boliviano apostavam que Molina não resistiria à pressão emocional e – deprimido - se entregaria às autoridades bolivianas. Mas no caminho do senador havia um diplomata corajoso que não se presta a conluios ideológicos que envergonham nossa diplomacia.
(*) Nilson Borges Filho é mestre, doutor e pós-doutor em direito e colaborador deste blog.

4 comentários:

JUJU disse...

Parabéns! pelo excelente texto. Mestre é mestre!

Alexandre, The Great disse...

Perfeito! Sintético e abrangente, o Dr. Borges Filho nos brinda com mais uma bela análise da conjuntura.

Anônimo disse...

Quem nasceu para guerilheira nunca vai passar de guerilheira.
O resto é alucinação do Lula.

mj

Anônimo disse...

Confundir Márcio Lacerda com Tarso Genro, especialmente para Dilma, não tem desculpa: O prefeito de Belô é cupincha dos mais antigos do Fernando Pimentel ( que é amigo in pectore da prisidAnta ) e foi “colega” dele nas dependências de um quartel do Exército em Juiz de Fora quando ambos cumpriam sentença da Justiça Militar no início dos anos 70. O Pimentel, que se destacou no atual governo como “consultor de tubaína”, também foi prefeito da capital mineira e um dos maiores apoiadores do Márcio – que não era político – para a Prefeitura de lá.