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Faltando pouco menos de um mês para as prévias da oposição que escolherão o candidato para enfrentar Hugo Chávez nas eleições de outubro, o futuro democrático da Venezuela ainda é uma incógnita. Quando o ditador anunciou estar com câncer, em junho do ano passado, e entregou (em partes) o comando do país ao vice-presidente para se tratar em Cuba, começaram a surgir dúvidas sobre sua permanência no poder. Para abafar os boatos, quatro meses depois, ele voltou a público para dizer que estava curado. Contudo, fontes venezuelanas apoiadas em exames médicos, afirmam que Chávez não deve ter forças sequer para concorrer no próximo pleito - conforme publicou em novembro reportagem de VEJA, que teve acesso a um conjunto de relatos detalhados sobre a evolução do seu câncer. Com metástases até nos ossos, a sobrevida do caudilho dificilmente superaria um ano. Diante desse cenário, o coronel de 57 anos pode ter de abrir mão do quarto mandato (confira a linha do tempo abaixo), o que obrigaria todo o país a se reorganizar sem o homem que sempre fez questão de centralizar em si todo o poder.
Analistas ouvidos pelo site de VEJA acreditam, porém, que dificilmente o tirano desistirá de concorrer, o que deve complicar todo o processo. "Chávez se considera tão invencível, que não entrega os pontos nem para a própria doença. O maior motivo de esconder o câncer é deixar tanto a oposição quanto o seu próprio partido despreparados para sua sucessão", diz Vanessa Neumann, conselheira sênior do instituto de pesquisa Foreign Policy. Tudo porque ele faz questão de continuar sendo visto como um "líder" até o último dos seus dias - ora no papel de opressor, ora como um mártir. E para não perder nenhum apoio, ele se esforça ao máximo para passar uma aparência saudável, mesmo que algumas fotos o flagrem em expressões de sofrimento. "Caso o ditador chegue a se candidatar e ganhar o pleito, tudo continuará como antes: seu poder se manterá consolidado e centrado na sua figura, e novas alianças serão formadas até a sua morte", afirma Mark Jones, professor do departamento de Ciências Políticas da Universidade Rice.
Nem seus aliados conhecem detalhes sobre a doença e seu verdadeiro estado de saúde. A intenção de Chávez é evitar que, prevendo seu afastamento, divisões já comecem a ser planejadas. O Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV) tem uma ala militar e outra civil que certamente tentarão bloquear uns aos outros. Temendo que os militares tomem o poder, por exemplo, os civis podem se filiar a outros partidos para terem mais chances na sucessão. "Se isso começar desde agora, Chávez terá problemas de governabilidade", ressalta Vanessa. E diante de chavistas fragmentados por uma forte disputa pelo poder, a oposição se uniria (mais) em torno de uma real chance de vencer. "Se perceberem que ele está doente e talvez não consiga concorrer ou ganhar as eleições, mesmo os chavistas podem não confiar em outro candidato apontado pelo próprio Chávez e acabar apoiando a oposição." Clique AQUI para ler a reportagem COMPLETACLIQUE E SIGA ---> BLOG DO ALUIZIO AMORIM NO TWITTER
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