domingo, dezembro 26, 2010
SARAH VAUGHAN: SOBERBA!
A genialidade nas artes como nos demais ofícios é rarefeita. A música, como expressão artística mais difundida tem os seus gênios. Fico aqui apenas na denominada música popular enquadrando-a, entretanto, apenas nas áreas do jazz e da bossa nova. Abro um parênteses para rock dos Beatles porque incorporou alguns pitacos do jazz e arranjos mais complexos, especialmente na fase madura do quarteto e pelas mãos do competente George Martin.
A rigor o rock é um tipo de música popular grosseira e limitada, especialmente no que tange à harmonia. Meia dúzia de acordes quadradões dão conta do recado, ao contrário do jazz e da bossa nova de estrutura harmônica complexa com base em tétrades e acréscimos bem cuidados que conferem aquela agradável dissonância que distingue esse gênero musical que só é capaz de cativar ouvidos apurados e de raro bom gosto.
É o caso da bossa nova, uma inteligente estilização do samba e que não me canso de afirmar ser é a única criação genuinamente brasileira relevante. Contam-se nos dedos músicas fora do jazz norte-americano que se transformaram em 'standards". A bossa nova é uma raríssima exceção e fica por conta, principalmente, das composições geniais de Tom Jobim e de mais alguns poucos bossanovistas.
Este vídeo acima é o audio de uma faixa de um disco que extraordinário que a cantora americana Sarah Vaughan gravou no Brasil em 1977, com o título: O som brasileiro de Sarah Vaughan.
Ouçam com atenção e reparem a excepcional interpretação na versão em inglês da canção do prolífico e genial compositor, pianista, violonista e flautista Antônio Carlos Jobim: "Se todos fosse iguais a você".
Sarah Vaughan é um cantora de invejáveis recursos vocais, afinadíssima e que não joga nota fora nem por decreto. Faleceu em em 1990.
Se os anos pós-guerra foram generosos na produção e profusão da arte musical e sobretudo na sofisticação do jazz e no aparecimento de grandes compositores, cantores e orquestras, o final do século XX começou a ser tomado pelo kitsh e isto se deve em grande parte àquilo que se chamou de contracultura nos anos 60.
Tanto é que aquela safra de genialidade foi sumindo até desaparecer quase completamente. E se formos olhar para as outras artes veremos também que se tornaram rarefeitas. O que vem sendo qualificado como arte neste século XXI dominado pela bestialidade do pensamento politicamente correto gestado nos concertos pop art regados a muita droga dos meados dos 60 do século passado, não é arte. A maioria dos produtos artísticos desse interregno de estupidez, principalmente na música, é lixo puro.
Dia desses li em algum jornal sobre uma dessas novas cantoras brasileiras festejadas pela crítica da grande mídia que se chama Maria Gadú. Caetano Veloso teceu loas à menina. Fui conferir e fiquei pasmo. Gadú não é cantora. Infelizmente não se pode dizer que é cantora. A banda que a acompanha nos vídeos que vi é uma coisa muito fraquinha.
No que tem saído de novidade na música brasileiroa da atualidade não tem nada que preste. Durante a campanha eleitoral um desses jornalistas puxa-sacos do PT, entrevistando a Dilma Duchefe, lá pelas tantas perguntou sobre música e ela respondeu que gostava muito da banda Pato Fu. Conferi. Cáspite! Imaginem: se o rock dos roqueiros ingleses já é precário e tosco o rock brasileiro é ridículo.
Há pouco zapeando pelo twitter vi alguém sugerir que se ouvisse esse vídeo de Sarah Vaugh e aí me ocorreu a idéia de fazer a postagem para que os leitores possam comparar com o lixo que vem sendo produzido no Brasil.
Este disco de Sarah é uma coisa feita com cuidado, delicadeza. É arte de primeira grandeza. Sarah é soberba, meticulosa ao emitir cada nota. A sua voz é um verdadeiro instrumento musical.
E vejam a ficha técnica: From the album O Som Brasileiro de Sarah Vaughan, recorded in 1977 at RCA Studio - Rio de Janeiro. Composed by Antonio Carlos Jobim and Vinicius de Moraes. English version: Gene Lees. Piano: Tom Jobim. Electric guitar: Helio Delmiro. Drums: Wilson das Neves. Percussion: Chico Batera/Ariovaldo/Luna Marçal. Orchestration: Edson Frederico.
Portanto, minha gente, isso é coisa de artistas que em muitas gerações não aparecerão tão facilmente. Ou melhor, jamais aparecerão. Até porque a arte quando é arte é insuperável e por isso o produto artístico é eterno. 'A arte é um coágulo de emoção'. Eita! Essa frase final é minha. Sei lá se os experts concordarão, mas é como conceituo de forma reverente a arte verdadeira.
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