Por Nilson borges Filho (*)
Com o consentimento de Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff decidiu desligar os aparelhos que permitiam a sobrevida do ministro-chefe da Casa Civil. Palocci não conseguiu, nesses últimos vinte e cinco dias, justificar o crescimento repentino do seu patrimônio em 20 milhões de reais, num espaço de apenas quatro anos.
Questionado sobre quem eram os seus contratantes e que tipo de consultoria prestava, Palocci não tinha o que responder. A situação do ex-ministro era indefensável, mesmo para os companheiros de partido. Lula até que tentou, mas não havia a menor condição política para a manutenção do seu protegido. O desgaste sofrido por Dilma no episódio não foi maior porque, nesse caso específico, o governo, imagina-se, não estava diretamente comprometido com as trapalhadas de Palocci.
Ocorre, que existia a preocupação, justificável, de que uma investigação séria sobre o enriquecimento do ex-ministro poderia chegar na arrecadação de fundos para a eleição de Dilma. Se isso fosse possível dizer, pior do que as travessuras de Palocci foi o papel desempenhado por Lula, assumindo-se como presidente de fato.
Inoportuno, deselegante, calculista e desleal, o ex-presidente desqualificou publicamente uma presidente que estava fragilizada na saúde e fraca politicamente. Dilma está pagando o preço de ter sido a candidata de Lula. Muitos dos ministros que formam o gabinete da presidente, inclusive Antônio Palocci, foram indicados por Lula.
A crise que o governo enfrenta decorre, em muito, do messianismo botocudo do ex-presidente. A queda do ex-ministro Antônio Palocci não se deve à minoria parlamentar ou à oposição em geral, que nem para isso servem. O ex-chefe da Casa Civil caiu por não atender as demandas petistas que desejavam aparelhar o Estado, sem o mínimo critério técnico.
Que mais saberia da movimentação financeira de Palocci e de suas consultorias, se não os companheiros de partido. A escolha da senadora Gleisi Hoffmann para assumir o ministério foi uma escolha técnica, pois a articulação política do governo não mais permanecerá na Casa Civil. Para onde vai ainda não se sabe.
A nova ministra, na companhia de um nariz de plástica deslocado do conjunto, afirmou que será uma gestora, ou seja, será a Dilma da Dilma. Luiz Sérgio, ministro das Relações Institucionais, um peso morto no gabinete presidencial, é um político medíocre que até hoje não disse para que veio.
Portando um vigoroso bigode, Luiz Sérgio é conhecido no Palácio do Planalto como garçom – só sabe tirar pedidos. Torço para que os garçons não se ofendam com a comparação. É dada como certa sua saída do governo.
Na liderança do governo encontra-se o deputado Cândido Vacarezza, cujo perfil se assemelha ao de um zagueiro de time de várzea. O bruto tem a capacidade de criar antagonismos na base aliada, que chega a dar inveja à oposição.
Já na liderança do PT na Câmara a situação é bem pior: o deputado Paulo Teixeira, defensor da maconha, é aquele tipo que Dilma não quer que identifiquem com o seu governo. Explicável, portanto, o poder que Palocci acumulava na Casa Civil, principalmente quando operava politicamente.
Lula, quando despachou Palocci, envolvido em malfeitorias e quebras de sigilos bancários, assumiu ele próprio a articulação política com a base aliada. Ocorre que Dilma detesta fazer política, negociar cargos, articular votações no Congresso e varar madrugadas conversando com políticos. A pergunta que não quer calar: quem será o articulador político de Dilma dentro do governo? Fora dele já sabe. Quem? Ora, aquele que atende por Luiz Inácio, apelido Lula.
Um comentário:
A senadora em questão disse que vai para o posto (finalmente) vago para atender encomenda da presidente - ouvi hj cedo no rádio trecho do discurso.
O que mais será encomendado e a quem mais distribuídas "encomendas"???
Que porcaria de governo!
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