Por Nilson Borges Filho (*)
Foi dada a partida para as eleições gerais de 2014. O PT em particular e a base aliada - ou o que restar dela - no geral apresentam-se com dois candidatos potenciais: a atual presidente Dilma Rousseff, se a saúde permitir e se o seu governo estiver voando em céu de brigadeiro; e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se as circunstâncias médicas e políticas colocarem em risco uma possível reeleição petista.
Não existe a menor possibilidade de Lula desencarnar da presidência, até mesmo porque isso faz parte do jogo sucessório do lulo-petismo. O ex-presidente vai tirar este ano para encher os bolsos de dinheiro, participando de palestras pagas pelo patronato brasileiro e por multinacionais interessadas no mercado nacional.
A intenção de Lula é gerar uma carteira de investimentos, para que possa viver com tranquilidade o resto de seus dias e poder patrocinar os botoxes da madame, quando os que já existem despencarem por fadiga de material ou começarem a perder os rigorosos prazos de validade. Afinal, ninguém é de ferro. Lula é um animal político em estado bruto e os anos que passou dirigindo o país em nada alterou o seu estilo rasteiro de fazer política, escorregando sempre para o fisiologismo e para a manipulação da massa de excluídos do mercado de consumo.
Colocando em prática um populismo autoritário, convertido em bolsas-família, Lula terá à sua disposição um eleitorado cativo, sempre de olhos fechados para os malfeitos de seu governo; quase todos contaram com a sua conivência. Em 2012, quando mais de cinco mil municípios elegerão seus prefeitos, Lula correrá o país, de canto a canto, trabalhando para eleger o maior número possível de candidatos da sua base partidária.
Já em 2013, Lula dará início às articulações para a composição de chapas aos governos estaduais e à construção de uma folgada maioria de futuros deputados e senadores no Congresso de olho na sua candidatura à presidência da República. Lula é conservador no estilo e pragmático quando se trata das questões de política operacional. Essa performance do ex-presidente Lula é música para os ouvidos do neo-peleguismo, chegado numa sinecura polpuda em alguma estatal.
O discurso esquerdista é endereçado, principalmente, ao público interno, que serve para amansar a militância empedernida e irresponsável. Salvo algum tsunami ou terremoto, esse será o quadro que os petistas esperam para 2014.
Na outra ponta do tabuleiro, partidos da base aliada se concentram em nomes que poderiam ser lançados para a vaga de vice-presidente numa composição com Dilma ou Lula na cabeça da chapa. O PMDB pensa num rosto novo e “moderno” em substituição a Michel Temer. O nome da vez é o do ex-tucano Gabriel Chalita, agora no PMDB, que se elegeu deputado federal por São Paulo com uma montanha de votos.
Embora seu nome esteja sendo trabalhado para uma possível candidatura a prefeito ou a governador de São Paulo, a ideia é a de construir sua candidatura a vice numa chapa petista. Tem sua lógica, principalmente se o candidato da oposição for Aécio Neves, um rosto “novo” e “moderno” para os padrões da política brasileira. Chalita – numa chapa com Dilma ou Lula - faria o contraponto a Aécio, nos quesitos novidade e modernoso.
O PSB que também busca uma vaga de vice, o governador de Pernambuco faz de conta que sairá candidato a presidente, mas, na verdade, namora com o PT e flerta com o PSDB, e quer mesmo é a vice-presidência. Aécio em 2010 ganhou tudo: fez de do professor Anastasia governador de Minas, se elegeu senador e ajudou Itamar Franco a obter a segunda vaga para o Senado Federal e ainda viu seu concorrente José Serra ser derrotado por Dilma, uma mineira.
Em 2014 o vento pode soprar contra Aécio Neves por vários motivos: primeiro, porque era o que todo mundo esperava de que seria o principal líder das oposições no Congresso Nacional e isso está longe de acontecer. Até o momento, Aécio não disse para o que veio e sua contribuição é pífia. Segundo, porque o governo de Minas que deveria se apresentar como a vitrine da candidatura de Aécio Neves passa por sérios problemas políticos e administrativos.
O governador Anastasia – apostando em Aécio para 2014 – montou uma equipe de secretários, de perfil político, originários do baixo clero e se apegou, credenciando quem não tem lastro para tanto, a uma casta de burocratas engravatados e de moças espevitadas, no figurino clássico dos terninhos, arrogantes no falar (“a metodologia”, “a ferramenta”, “o instrumental”, “o projeto estruturante” e outros modismos que impressionam os menos avisados) e no agir (a corporação patota), que passam uma imagem de exímios fazedores de planilhas e relatórios, mas desprovidos de cultura política e estofo intelectual, além de falta de visão estratégica de Estado como sociedade política e sem credenciais para transformar uma crise setorial, promovida por gente especialista no assunto (sindicatos), num ganho político.
Terceiro, porque a complexidade que se consagra, desde sempre, o bloco histórico do Estado, política em Minas não é para burocratas amadores cheios de si. Em tese, falta ao governo mineiro um Anastasia do Anastasia. Conta, ainda, contra Aécio resquícios do último pleito presidencial, quando colocou seu projeto pessoal acima do partidário. E tal tipo de coisa, na política não se perdoa.
Permanecendo esse estado de coisas, se Aécio sair candidato à vaga de Dilma é bem capaz de perder a presidência, o governo do Estado e um futuro promissor.
Correndo por fora, também em busca de uma vaga de vice na chapa petista, o recém lançado PSD de Gilberto Kassab. Ainda é cedo para avaliar as chances do PSD numa futura composição com o PT, mas como os inimigos de ontem (Sarney, Renan, Collor et caterva) são os companheiros de hoje, tudo pode acontecer.
(*) Nilson Borges Filho é doutor em direito, professor e articulista colaborador deste blog.
2 comentários:
Caro Aluizio , como já disse em algum lugar : Só as ruas ....A quadrilha age livremente , para isso Só as ruas.... . Não temos outra alternativa , Só as ruas ... Urgentemente !!!!!!
Precisamos é que ele beba mais e mais, e que o seu organismo trate de fazer o que esse povo burro teima em não fazer: afastar esse monstro voraz da coisa pública...
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