Situação em Rio do sul. Veja galeria c/ mais fotos AQUI |
O centro comercial de Rio do Sul, cidade do Alto Vale do Itajaí, em Santa Catarina, teve o seu comércio praticamente todo destruído. As fotos acima, que são do site do Diário Catarinense, mostram ruas da área central da cidade e se reperte o drama que os rio-suleneses viveram nas cheias de 1983 e 1984.
Em 1984 vi com os meus próprios olhos a devastação de Rio do Sul. Nessa época trabalhava no jornal O Estado, de Florianópolis e cobri a enchente de Rio do Sul, juntamente com o fotógrafo Marco César.
Para chegar a Rio do Sul tivemos que viajar a bordo de um avião de guerra da FAB até Lages, onde pernoitamos, e de lá seguir num helicóptero da Base Aérea de Santa Maria até Rio do Sul. O helicóptero carregava um estoque de pães para alimentar os flagelados.
O tempo estava melhorando. Mas um denso novoeiro cobria integralmente o Vale do Itajaí, o que obrigou o piloto do helicóptero a pousar no alto da Serra Canoas, num pasto, onde tivemos que permanecer cerca de 2 horas até que o nevoeiro fosse se dissipando e oferecesse segurança para o helicóptero decolar e chegar à cidade. Mesmo assim, aterrissamos no bairro Canoas e de lá, a pé, usando botas de borracha até os joelhos para poder cruzar áreas alagadas, nos dirigimos ao centro da cidade e de lá até o morro Boa Vista, onde pude me encontrar com o então prefeito Danilo Lourival Schmidt para fazer um levantamento dos estragos. As autoridades haviam montado um bunker no morro de onde administravam a cidade e tomavam medidas emergenciais.
O tempo passa. Lá se vão 27 anos.
As intempéries e cheias no Vale do Itajaí sempre aconteceram. Não têm nada a ver com mudança climática, aquecimento global e bobagens análogas. Não estou chutando. Eu nasci e me criei em Rio do Sul onde por lá vivi até os meus 20 anos. Nos anos 50 e 60 as cheias eram muito mais frequentes até porque ainda não existiam as barragens de contenção de Taió e Ituporanga, que foram construídas durante os governos militares. De lá para cá não se fez absolutamente mais nada no sentido de minimizar o efeito danoso das enchentes.
Entretanto, naquele tempo o impacto das águas tinha dimensão menor, haja vista que a população de Rio do Sul e de todo Vale do Itajaí era muito menor. Atualmente essa área de Santa Catarina, extremamente desenvolvida e de alta produtividade industrial e agrícola é densamente povoada.
As fotos que ilustram o post mostram a situação dramática de Rio do Sul com o seu comércio completamente destruído, sem falar nas milhares de casas detonadas pelo lodaçal.
Estou tomando Rio do Sul como um exemplo do que está ocorrendo em Santa Catarina. Mas não é só em Rio do Sul. Cidades como Blumenau, Timbó, Ituporanga, Brusque e outras de menor porte estão na mesma situação.
Deve-se destacar também que Itajaí, que abriga o segundo maior porto brasileiro, também foi devastada pela enchente. Itajaí fica na foz do Rio Itajaí-Açu que se forma no centro da cidade de Rio do Sul onde acontece a confluência dos rios Itajaí do Oeste, que procede da região de Taió e Itajaí do Sul, que desce a partir de Ituporanga.
A região do Alto Vale do Itajaí fica mais ou menos no pé da Serra, a 341 metros acima do nível do mar. O Itajaí-Açu então desce com força e velocidade quando está cheio, formando cascatas ao despencar da Serra da Subida em direção a Blumenau e Itajaí. No litoral torna-se mais calmo e faz meandros até encontrar o oceano. O efeito da maré alta combinando-se com o rio caudaloso provoca o transbordamento sobre a planíce que abriga a cidade de Itajaí e aí a situação fica caótica.
É impossível impedir esses fenômenos naturais. Entretanto, os governos federal e estadual têm o dever de pensar em alternativas que minimizem os efeitos dessas constantes enchentes. Que mais se poderia agregar às barragens de contenção? Está aí um desafio que tem de ser encarado seriamente.LEIA TAMBÉM: Tragédias climáticas e a tragédia da mídia
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