Olavo de Carvalho, filósofo, escritor e jornalista brasileiro que vive nos Estados Unidos, vai mais uma vez ao ponto ao identificarque por trás de campanhas polticamente corretas pretensamente salvadoras da saúde das pessoas ou, ainda, de cunho ecochato que, sob o título idiota de "sustentabilidade", vão aos poucos sequestrando a liberdade e se metendo-se na vida privada das pessoas. Pinça como exemplo o caso da proibição do fumo que foi o primeiro passo dessa deletéria "engenharia comportamental" que pretende transformar a população do planeta numa massa servil, despersonalizada, idiota e pronta para obedecer mais adiante qualquer determinação estatal por mais estúpida e desumana que possa ser. No original o artigo tem por título "Engenharia da Complacência". Transcrevo na íntegra e recomendo a leitura (aqui o link para o site do Olavo de Carvalho):
Indignado ante o conformismo servil com que os americanos, outrora tão apegados às liberdades civis, vão aceitando as intrusões cada vez mais agressivas do governo nas suas vidas privadas, o economista Walter Williams finalmente se deu conta de que “o movimento antifumo explica parcialmente a atual complacência americana. Os zelotes do antitabagismo começaram com exigências ‘razoáveis’, como os avisos do Ministério da Saúde nos pacotes de cigarros. Depois exigiram áreas para não-fumantes nos aviões. Encorajados pelo sucesso, exigiram a proibição total do fumo nos aviões, e depois nos aeroportos, nos restaurantes e nos locais de trabalho. Tudo em nome da saúde. Percebendo a resposta complacente dos fumantes, passaram a banir o fumo das praias, nas praças e nas calçadas das grandes cidades. Agora estão clamando por prêmios de seguro-saúde mais caros para os fumantes. Se tivessem apresentado a lista inteira de suas exigências logo no começo, não teriam conseguido nada. Usando a cruzada antifumo como modelo e vendo os americanos tão complacentes, os zelotes e candidatos a tiranos estão ampliando mais e mais a sua agenda”. O artigo completo está em http://frontpagemag.com/2012/03/16/americans-have-become-compliant.
Meus leitores e ouvintes são testemunhas de que há uma década e meia, ou mais, venho lhes explicando o óbvio: a campanha antitabagista jamais teve nada a ver com a saúde. Como era de se prever desde o início, até hoje não se verificou em parte alguma, com a patente diminuição do número de fumantes, nenhuma, rigorosamente nenhuma redução proporcional da incidência das doenças alegadamente “causadas pelo fumo”. Mas a patente ausência dos resultados prometidos, em vez de colocar em questão as premissas iniciais da campanha e moderar a retórica antifumo, como se esperaria de mentalidades soi-disant científicas, é respondida com novas cargas de exigências cada vez mais prepotentes, mais histéricas, mais invasivas. O antitabagismo, como o socialismo, vive de redobrar o blefe após cada novo desmentido das suas pretensões, transfigurando em sucesso publicitário e político o fracasso crônico das metas nominais alardeadas. Não lhe falta, para isso, uma incansável e vociferante militância espalhada pela Europa e pelas Américas, composta de uma bem subsidiada elite ativista e uma massa idiota de “verdadeiros crentes” cada vez mais fanatizados. Tão fanatizados que nem mesmo o uso repetidamente comprovado de meios de propaganda fraudulentos (como as fotos forjadas que o nosso Ministério da Saúde estampou nos maços de cigarros) os leva a duvidar, por um momento sequer, da idoneidade da campanha.
Por trás do que imaginam os crentes, o antitabagismo militante jamais teve por meta proteger a saúde de ninguém. Foi apenas um primeiro e bem sucedido experimento de engenharia comportamental em escala planetária. Foi um balão-de-ensaio, preparatório à implantação de controles cada vez mais drásticos, cada vez mais intrusivos, destinados a reduzir a população de todo o Ocidente a uma massa amorfa incapaz de reagir a qualquer imposição, por mais arbitrária, lesiva e absurda, que venha da elite globalista autoconstituída em governo mundial.
A escolha do tema foi especialmente ardilosa, visando a seduzir conservadores, evangélicos e moralistas em geral, desarmando-os preventivamente ante quaisquer campanhas subseqüentes baseadas no mesmo modelo e usando a própria força deles para sufocar na “espiral do silêncio” as poucas vozes discordantes. Uma vez que você cedeu tudo à pretensa autoridade científica dos organismos internacionais em matéria de “saúde”, fica difícil reerguer a cabeça quando essa autoridade, em seguida, estende seus domínios para as áreas da alimentação, da educação escolar, da moral sexual, da vida familiar e assim por diante. A facilidade estonteante com que a elite revolucionária instrumentalizou os seus próprios adversários mais ardorosos aparece condensada simbolicamente num detalhe cômico, ou tragicômico, que denota a fragilidade estrutural da reação anti-estatista: o uso do tabaco é rigorosamente proibido nas sedes das organizações libertarians que defendem a liberação da maconha.
Só o que me espanta é que mesmo uma inteligência privilegiada como a de Walter Williams tenha levado tanto tempo para notar que o antitabagismo, usando do ardil das exigências progressivamente ampliadas (a famosa técnica da rã na panela), impôs muito mais do que sua meta nominal de restringir o consumo de cigarros: impôs, junto com ela, uma nova autoridade, um novo esquema de poder, um novo procedimento legislativo, um novo sistema de comandos que pode ser acionado a qualquer momento, com garantias quase infalíveis de obediência automática, para espalhar entre as massas as reações padronizadas que a elite global bem deseje. O triunfo da prepotência antitabagista não trouxe nem trará jamais os anunciados efeitos benéficos para a saúde da população, mas, depois dele, a humanidade Ocidental já não será mais a mesma. A complacência ante o Estado intrusivo parece ter-se arraigado de uma vez por todas no espírito das massas, pondo um fim à era da livre discussão e inaugurando a da passividade servil e do ódio à divergência.
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5 comentários:
Bom dia Aluízio
Excelente artigo. Simples e verdadeiro. É a massa sorrindo toda vez que o Estado se intromete em sua vida. A foto do Jerico sorrindo é uma graça e diz tudo!
Esther
Que definição... que poder de síntese tem Olavo de Carvalho - suas assertivas são de uma lógica fora do comum - desmontam qualquer nhém nhém nhém dessa cambada de comunistas!
Alô Aluizio
Olavo de Carvalho TODAS AS QUARTAS as 20:00h no blog talk show..
acessem via olavodecarvalho.org
abraços
karlos
O melhor do artigo foi a foto do articulista estampada no início, sorridente e com cara da asno.Sim, pois somente um asno pode duvidar das milhares de pesquisas e dos milhares de volumosos estudos científicos que ligam o fumo a diversas doenças, entre elas o enfisema, o câncer etc. Também não gosto do Estado se intrometendo na minha vida. Também deploro a verdadeira ditadura em que vivemos, onde o cidadão é a mula de carga do governo. Mas chegar ao ponto de chamar todas as pesquisas médicas feitas nos últimos 50 anos de lixo, é demais.
GRANDE ALUIZIO
Comento pouco por aqui mas não deixo de visitá-lo. Me permite replicar aqui um comentário que fiz no Augusto Nunes sobre o assunto ? Acho que os velhinhos ( onde me incluo, diga-se ) estão surtando, he he he.
AUGUSTO
Percebo que o tema "desancar estadunidenses" tem muito apelo por aqui. Permita-me então colocar minha colher numa cruzada que o Olavão encampou em seus últimos dois textos e que soa à burrice em proporções planetárias. Acho que ele está meio sem o que fazer e anda fumando muito. Na impossibilidade de admitir que o vício dele é uma lerda, o filósofo, escritor e jornalista auto exilado nas terrras da Hilária Pinton parte para uma conspiração mundial pela proibição do tabaco. Quem são seus agentes, cara pálida ? Aqui no bananão seriam o Serra e o governador sacolinha ? Fala sério. O maluco afirma que a militância antitabagista ( Isto existe ? Onde exatamente ? ) foi o primeiro e bem sucedido experimento de engenharia comportamental em escala planetária. Seria um grande enredo de filme americano, se ele combinasse isso com a platéia primeiro. Esquece o bravo ( e isto é imperdoável num analista de comportamento ) que as pessoas só são compelidas a fazer O QUE QUEREM, e não o que não querem. Deixar de fumar tem um apelo positivo no inconsciente de qualquer ser humano dotado de neurônios. Roubar não, por exemplo. O que aconteceu foi uma disseminação sem precedentes dos meios de comunicação no mundo. Enquanto eram privilégio de grupos empresariais, falava mais alto o bussiness das empresas do tabaco. Quando inventaram uma tal de internet, acabaram inventando também o feedback crítico de todo o processo. A mensagem antifumo ganhou adeptos pelo mundo inteiro, sem a necessidade de engenharia nenhuma. Que idiotice. A mensagem de um mundo sem lixo, sem violência, sem vícios, sem roubalheiras, tem apelo em qualquer lugar, independente da posição ideológica de quem a pratica. O problema é como a cúpula de plantão adota a ideia, defendendo seus próprios interesses. O petralhismo, por exemplo, não resiste a um só Cachoeira que fure o esquema. Surfam na ideia de que são a escolha certa. Mentem descaradamente para manter a farsa sob comando. São o contrário do antitabagismo. Sabem que se forem confrontados com o que querem os brasileiros honestos levarão um solene chute no traseiro. Tentam ganhar tempo para inflar as cuecas. Compram o silêncio. Desde sempre afirmo aqui que nosso maior problema não é a má índole do comprador de consciências de turno, e sim a facilidade com que a consciência é vendida por aqui. Vale um fogão. Uma dentadura. Cinquenta paus pra tomar pinga. Somos pobres e, por isso mesmo, facilmente compráveis. Nada que se compare à indigência intelectual de afirmar que a diminuição do fumo não gerou uma proporcional redução nas doenças causadas pelo fumo. Esquece o meliante das tragadas que outros fatores, como a poluição e a urbanificação contribuem para aumentar o contingente de desvalidos pulmonares, só pra ficar no argumento mais simples. Me desculpe, nobre Augusto. De boas intenções, o inferno está cheio. Até posso concordar que, acabar com a sacolinha ou fazer xixi no banho são ideias estúpidas, concebidas por agências estúpidas e que ganham espaço no mundo porque qualquer coisa hoje pode ser disseminada sem que seja necessário convencer um board de pensantes que aquilo é estúpido. Fica por conta da plateia discernir o que é estúpido e o que não é. No meu caso, estúpido é um ser que usa sua inteligência e seus histriônico carisma exótico para professar uma imensa bobagem, porque ele quer morrer puxando o seu fuminho. Vade retro. Idiotas existem em qualquer lugar, como bem nos provou a dona Hilária. Bem vinda à Bolívia, dona Hilária.
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