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domingo, julho 25, 2010

AFINAL, DIOGO MAINARDI VAI EMBORA MESMO?

UPDATE - PARA FELICIDADE GERAL DA NAÇÃO ANTI-PETRALHA, DIOGO MAINARDI CONTINUARÁ ESCREVENDO A SUA COLUNA NA VEJA

Como todos notaram houve uma série de mudanças na revista Veja e, particularmente, no seu site que impede assinantes de ter acesso online à publicação impressa. As Mudanças do site o deixaram horroroso. Mudaram para pior, como têm mudado para pior os sites dos demais veículos da grande imprensa brasileira.

Todos juntos somam um lixão. Textos de padrão ruim, jornalistas analfabetos políticos, a maioria politicamente correta e ecochata, enfim, o jornalismo brasileiro segue o padrão do mundo ocidental, bestializado, agachado, entregando o ouro para a bandidagem e o terrorismo internacional, afagando ditadores e, sobretudo, mentindo.


Alguns mentem por ignorância e burrice, outros de forma consciente, porquanto acreditam-se demiurgos. Estes são os idiotas. E, finalmente, tem os que mentem de forma oportunista para meter a mão na grana de origem incerta porém de manipulação conhecida por todos, ainda que finjam não saber de nada.

Agora acabo de ver que o Diogo Mainardi que ao lado de poucos jornalistas da grande mídia pode ser considerado o último dos moicanos da imprensa brasileira que não se ajoelha ante o pensamento único do comunismo botocudo, anuncia que vai embora. E deixa isto registrado numa crônica que está no seu blog no site da Veja e que transcrevo abaixo.

Será que o velho de guerra Civita apetralhou? Vamos aguardar.

Enquanto isso, leiam o que diz o Diogo Mainardi, na sua crônica intitulada apenas: Vou embora:


Fabiano, o retirante de Vidas Secas, é igual a um bicho. Graciliano Ramos compara-o a um cavalo. Ele compara-o também a um tatu, a um macaco, a um cachorro e a um pato. Se Fabiano é igual a um bicho, eu sou igual a Fabiano. Está lá, na primeira parte do romance:

“A sina [de Fabiano] era correr mundo, andar para cima e para baixo, à toa, como judeu errante. Um vagabundo empurrado pela seca. Achava-se ali de passagem, era hóspede. Sim senhor, hóspede que tomava amizade à casa, ao curral, ao chiqueiro das cabras”.

Oito anos depois de desembarcar no Rio de Janeiro, de passagem, estou indo embora. Um vagabundo empurrado pela vagabundagem. É uma sina: andar para cima e para baixo, à toa. Sim senhor, tomei amizade à cidade. O Rio de Janeiro — e, em particular, Ipanema, que me hospedou — tornou-se para mim um verdadeiro chiqueiro das cabras.

Os quatro protagonistas de Vidas Secas — Fabiano, Sinhá Vitória, o menino mais velho e o menino mais novo — vagam silenciosamente pela caatinga, “onde avultam as ossadas e o negrume dos urubus”. Quando o menino mais velho, sedento e faminto, cai na lama rachada, tomado por uma vertigem que o impede de dar um passo a mais, Fabiano diz:

— Anda, excomungado.

Eu, minha mulher, o menino mais velho e o menino mais novo vagamos rumorosamente pelos corredores desertos do aeroporto Tom Jobim, onde avultam as ossadas e o negrume da Air France. Quando o menino mais velho, que caminha com um andador, resolve empacar, recusando-se a dar um passo a mais, eu digo, sim senhor:

— Anda, excomungado.

Fabiano tem medo de ser preso. Eu também tenho medo de ser preso. Fabiano tinha uma cadela chamada Baleia. Eu vi uma baleia, algumas semanas atrás, no mar de Ipanema. Fabiano, para matar a fome, acaba comendo seu papagaio. Eu, antes de ir embora do Rio de Janeiro, tratei de comer todas as sobras da geladeira, inclusive um ovo de Páscoa coberto de bolor.

Nas primeiras linhas de Vidas Secas, Fabiano parte, sem saber para onde. Nas últimas linhas do romance, ele parte novamente, sonhando com “uma terra desconhecida e civilizada”, onde os meninos iriam para a escola e sua mulher nunca mais teria de lamber o focinho ensanguentado de uma cadela. Depois de comparar Fabiano a um cavalo, a um tatu, a um macaco, a um cachorro e a um pato, Graciliano Ramos, nos instantes finais, apieda-se e, bisonhamente, humaniza-o. Fabiano sonha em parar de andar para cima e para baixo, à toa. O que eu digo? Eu digo:

— Anda, excomungado.

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12 comentários:

Anônimo disse...

Péssima notícia.
Acredito que a Veja apetralhou de vez.

A guerra começou.

Anônimo disse...

Alô Aluizio
só posso dizer que esta nota seja verdadeira:
Que homem de sorte este Mainardi.

abraços
karlos

Anônimo disse...

Caro Sr. Aluízio, assino a revista Veja há mais de 20 anos e ela continua a ser uma das poucas publicações que não se corrompeu sob esse desgoverno. Quanto ao site dela, bom, não vi, pois raramente entro em qualquer um - estadão, folha, globo, etc... - pois são muito mal escritos, sem profundidade e passam a impressão que seus jornalistas estagiaram na redação de Caras, Quem, Contigo - mal sabem escrever duas linhas! (prefiro acompanhar os bons blogs como este seu - parabéns!). Sobre o querido Diogo Mainardi, há uma Nota da Redação, ao final desse texto que você mencionou, dizendo que ele permanece colunista de VEJA.
Abraços, Águeda.

Aluizio Amorim disse...

Anônimo,
fico grato com a informção. Mas no site não vi essa nota não. Vou lá ver mais uma vez.
Obrigado por gostar do blog.

"Política sem medo" disse...

Ola Aluizio, fiquei triste pela cronica e pelas comparacoes com os personagens do Vidas Secas mas fiquei contente ao saber pela Agueda que e so uma cronica. Ele e um jovem corajoso e nao merece a mesma sina de Fabiano. Tomara mesmo que ele nao se va. Abracos.

Anônimo disse...

Diogo Mainardi está saindo do país. Na sua crônica, brinca com o medo de ser preso. É medo real. Condenado a três meses de prisão pelas calúnias contra Paulo Henrique Amorim, perdeu a condição de réu primário. Há uma lista de ações contra ele. As cíveis, a Abril paga - como parte do trato. As criminais são intransferíveis. E há muitas pelo caminho.
http://bit.ly/cEN1QC

Anônimo disse...

Alô Aluizio
mundo botocudo não é só aqui.
O Mainardi paga em cestas basicas,mas deve se proteger assim como a família.
Mas o que fazer num caso em que a polícia libera assassinos para caçarem e retornarem à prisão após uma chacina?.
aqui:
http://www.ynetnews.com/articles/0,7340,L-3925021,00.html

abraços
karlos

Anônimo disse...

Sr. Aluízio, obrigada pela atenção e obrigada pelo seu blog. Realmente, no site da Veja não consta a Nota da Redação ao final da crônica do Diogo Mainardi, pelo visto só saiu no papel, mas achei a seguinte informação: "Recado ao Assinante - Edição desta semana disponível a partir de 6ª feira, 30/7, no Acervo Digital. Contato para informações, clique aqui."
Abraços, Águeda.

Amiga do DM disse...

Gente, ele VAI continuar escrevendo pra Veja. Apenas vai voltar para Veneza, onde ele e a mulher têm casa. E de lá vai continuar fazendo também o Manhattan Connection. Quando veio para o Brasil em 2003, nunca foi com a intenção de ficar ad infinitum.

Anônimo disse...

Pelo que entendi, ele está indo embora do RJ, não da revista.

Anônimo disse...

Do "tuíter" do Diogo:

Sim: vou morar em Veneza porque minha sinhá é de Veneza.
18 minutes ago via web

Sim: vou continuar na Veja. Sim: vou continuar no Manhattan Connection.
18 minutes ago via web

Sim: morei no exterior durante o governo FHC e morei no Brasil durante o governo Lula. Sim: estou me lixando para quem está no poder.
19 minutes ago via web

Não: não estou indo embora por causa de Dilma Rousseff. O Brasil não é dela. Vou e volto quando bem entendo.
19 minutes ago via web

Sim: os petistas mentem. Nunca fui condenado criminalmente. Só tenho um processo bocó pendente no STF e no STJ.
20 minutes ago via web

Sim: eu disse que tinha medo de ser preso. Sim: era uma blague com aquela passagem do soldado amarelo, em “Vidas Secas”.
20 minutes ago via web

Os petistas espalharam que estou indo embora do Brasil para fugir da cadeia. Eles me idealizam como um Clint Eastwood em Alcatraz.
21 minutes ago via web

Gabriel Nunes disse...

Fonte do post acima:

https://twitter.com/diogomainardi