O que mais surpreende na discussão atual sobre as relações entre as FARC e o narcotráfico, em suas repercussões no "socialismo bolivariano" e em tendências do PT e nos ditos movimentos sociais, é a dissociação que se procura estabelecer entre a idéia de socialismo/comunismo e o tráfico de drogas. No fundo, o que se procura defender é a idéia pura do socialismo/comunismo como se fosse uma idéia de tipo religioso, imune aos acidentes de sua história ou de seu percurso de realização.
As FARC foram historicamente consideradas como um grupo guerrilheiro, que retomava as posições que foram do maoísmo e do castrismo, com a ocupação de áreas ditas liberadas no campo. Eram, nesse sentido, consideradas herdeiras do marxismo-leninismo em suas versões chinesa e cubana, estando, assim, legitimadas junto à opinião pública de esquerda. Eram recebidas em fóruns internacionais, companheiras do PT na fundação do Foro de São Paulo nos anos 90 e elogiadas no Brasil até muito recentemente.
O governo Olívio Dutra, no Rio Grande do Sul, durante o I Fórum Social Mundial, em 2001, recebeu-as no Palácio Piratini. As relações do Padre Medina -- espécie de representante internacional dessa organização revolucionária -- com o PT são também sobejamente conhecidas.
Contudo, à medida que as atividades de tráfico de drogas foram sendo cada vez mais de domínio público, surgiu uma espécie de reação que se aproximaria da "indignação" moral, como se isso fosse uma questão de princípio da esquerda. No início desse processo, quando as FARC começaram a ser chamadas de narco-guerrilheiras, essa mesma esquerda reagia indignada, como se fosse uma armação midiática dos conservadores ou, por que não, do "imperialismo". Os fatos, porém, foram avassaladores, tornando-se indubitáveis. Leia AQUI o artigo completo
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