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terça-feira, março 27, 2012

ARTIGO ESPECIAL: Um olhar sobre a política a partir de Minas.

Anastasia e Aécio: uma estratégia que se desgastou.
Por Nilson borges Filho (*)

Antônio Anastasia era o orgulho do time de técnicos que Aécio Neves levou para tomar conta do seu governo. Jovem, solteiro, articulado, vaidoso ao extremo, pernóstico no falar, cheio de ideias, próximo de políticos, com vasta experiência no setor público onde fez carreira, sempre rodeado de burocratas carreiristas - que lhe devotam lealdade servil -  Anastasia era a pessoa certa para ocupar o cargo de gerente do governo de um político, igualmente jovem e solteiro, com pretensões de, a curto prazo, sentar na cadeira presidencial.

Aécio tem a política no seu DNA, tanto pelo lado materno de Tancredo Neves, seu avô, como pelo lado paterno de Aécio Cunha, seu pai. Não é surpresa para ninguém que Aécio Neves  foge do perfil do governante ligado nas questões rotineiras do exercício do cargo. Aécio é um político em toda a sua extensão e gosta do que faz. Conciliador, é amigo dos amigos e mostra-se respeitoso com os adversários. Aliás, ingredientes necessários para quem deseja voos mais altos.

Visando pavimentar a sua candidatura à presidência da República, o neto de Tancredo terceirizou o gerenciamento do governo, função esta entregue a Antônio Anastasia, autor daquilo que ficou conhecido como choque de gestão. A área de comunicação social e a administração das verbas de propaganda do governo ficaram sob o controle rígido de Andréa Neves, sua irmã e principal conselheira. A política do varejo – a tal do toma lá dá cá – coube ao Secretário da Casa Civil, um ex-deputado federal exímio conhecedor das demandas do baixo clero.

Anastasia modernizou a máquina, aparelhou o Estado com uma equipe de jovens administradores espevitados, porém sem estatura política e visão social, mas bons para aquilo que foram contratados: criar um modelo de gestão pública atrelado as regras do mercado. Deu certo - não tanto como a máquina de propaganda do governo jogou na mídia - a ponto do governador Aécio Neves ser bem avaliado e receber a confiança do eleitor para um segundo mandato  e posteriormente ser consagrado como um dos senadores mais bem votados no Brasil.

Aconselhado pela irmã, Andréa Neves, Aécio fez do seu Secretário de Planejamento e vice-governador do segundo mandato, Antônio Anastasia, o candidato ideal para sucedê-lo: primeiro porque a eleição de Anastasia – um técnico sem voto -  deve-se exclusivamente ao prestígio de Aécio; segundo porque Aécio precisa de alguém de confiança para cuidar do seu feudo, enquanto se prepara para sair candidato a presidente.

Mas nem sempre as coisas saem como o desejado. Após um ano de mandato, o governo de Antônio Anastasia tropeça em articulações políticas mal conduzidas e o tal choque de gestão começa a fazer água, principalmente porque não foi construído com o rigor científico de uma governança de bom tipo, mas porque foi levado por vaidades pessoais de uma juventude sem uma formação sólida, que somente anos de estudo e experiência podem oferecer. A história política tem comprovado que não se governa com tecnicismo como fim último, mas com a técnica a serviço da política.

A cada dia surgem desconfianças da opinião pública se o decantado choque de gestão, na realidade, não passa de uma mera figura de marketing  político.  As mudanças no secretariado e a crise na área da segurança pública são indicativos de que o modelo implantado não está surtindo efeito. O governo está quase parando e secretários de Estado inoperantes não dão continuidade ao processo de gestão implantado desde o primeiro governo de Aécio Neves.

Nas estatais é do conhecimento público a briga de foice entre dirigentes – muitos deles sem compromisso político –  que estão ali meramente pela disputa por um naco de poder e por um salário vantajoso. Em alguns casos, é perceptível interesses pessoais em detrimento de interesses públicos, onde cada dirigente de estatal cria uma patota ao seu redor – por critérios inconfessáveis -  para digladiar com a patota do outro lado da estação de trabalho.

Um olhar mais criterioso do governo para essas disputas intramuros, que provocam a discórdia e desagregam pessoas, poderia contribuir para uma administração mais profissional e de interesse do contribuinte. A vitrine de Aécio Neves para postular à presidência da República e convencer os eleitores que ele é a melhor escolha por tudo que fez em Minas, não está alcançando os resultados esperados e o governo mineiro está batendo cabeça.

Anastasia ainda tem três anos pela frente para mostrar para que veio e que o tal choque de gestão é mais do que uma simples peça da engrenagem do marketing oficial. Aécio precisa dessa vitrine, para viabilizar sua candidatura e convencer o eleitorado de que, com ele, o Brasil pode mais. Hoje,  com a falácia de que está fazendo uma faxina no serviço público e afastando corruptos, Dilma é imbatível.

(*) Nilson Borges Filho é doutor em Direito, professor e articulista colaborador deste blog

Um comentário:

AGUIA DOURADA disse...

Este é aecista de carteirinha e tudo, quanto ao aecio em minas pode ser, para o Brasil ele não vai a lugar nenhum quem viver até lá 2014 verá.