Volume de automóveis é incompatível com renda da maioria dos brasileiros |
Quando a Dilma saiu por aí exigindo a diminuição dos juros bancários vi que poderia ter algo além da simples ilusão de pensar que é possível baixar a taxa de repente, se é ela que segura em parte a explosão da economia brasileira numa, digamos assim, cachoeira inflacionária.
Intuí logo de cara que algo andava atrapalhando esse "espetáculo do crescimento" na base do crédito fácil e nas centenas de financeiras oferecendo crédito consignado. Isto já faz alguns anos, começou no governo do Lula, e levou grande parte da população brasileira, que aufere salários diminutos, a lançar-se numa fervorosa corrida consumista e o produto mais comprado passou a ser o automóvel, concomitantemente com eletrodomésticos.
Houve um crescimento brutal de carros circulando em todo o Brasil. Estatísticas chegam a apontar um carro para cinco brasileiros, o que, convenhamos, não combina com o patamar dos salários, embora tenha melhorado nos últimos anos graças do Plano Real que, a a bem da verdade, foi a única coisa que teve impacto positivo na vida dos brasileiros em toda sua história. Estancou a tremenda espiral inflacionária que devorava os salários dos trabalhadores do dia para noitte.
Entretanto, não se muda uma situação de 500 anos de inflação da noite para o dia, com uma canetada. Tanto é que o resultado do Plano Real demorou quase uma década para surtir efeito e melhorar a vida da população em geral, quando acabou a memória da inflacionária.
Foi exatamente durante o primeiro período do governo do Lula que esse efeito benéfico do controle inflacionário começou a ser sentido. O governo do PT não mexeu um milímetro na economia e começou a flanar num então sistema econômico bem estruturado e que permitiria o planejamento de curto, médio e longo prazo.
O sistema financeiro reagiu positivamente. Já era possível a elasticidade do crédito, ainda que as taxas de juros permanecessem altas, como de fato ainda são altas. Mas têm o condão de segurar a inflação.
Isso foi o bastante para que o governo do PT caísse na farra da dinheirama que se derramava na economia via financiamentos.
Agora o que se vê é uma torrente de endividamento insuportável para as famílias que, desesperadas, estão entregando os automóveis de graça para se livrar das prestações de longo prazo, de 60 meses ou mais.
Assim, Dilma, premida pelas circunstâncias houve por bem buscar uma saída para esse problema que é perigoso para a economia como um todo. Assim, passou a defender a queda nos juros tendo em vista a necesidade de evitar o estouro dessa bolha econômica podre, com um refinanciamento geral das dívidas da tão decantada "nova classe média".
Aqui está uma matéria do site do jornal O Estado de São Paulo que, em parte, corrobora o que havia intuído quando a Dilma de uma hora para outra, sem maiores explicações, resolveu que as taxas de juros praticadas no mercado teriam que cair a um patamar civilizado.
A verdade é que a coisa não está nada boa. Não sou economista e portanto posso estar até dizendo bobagem. Tomara que assim seja. Todavia, me baseio numa questão lógica. Leiam:
A inadimplência recorde e o aperto dos bancos no crédito têm causado algo além de concessionárias vazias. Muitos consumidores que, com o incentivo do governo, compraram carro financiado nos últimos anos, chegam a um verdadeiro limbo quando têm dificuldade em pagar as parcelas. Tentam vender o veículo, mas, como o carro deprecia rápido e há grande oferta, o valor conseguido na venda não é suficiente para quitar a dívida.
Para resolver o problema, muitos consumidores têm tentado uma solução caseira: repassar o automóvel e a dívida a outra pessoa. Às vezes, no desespero, até de graça.
Em janeiro, o paulistano Felipe Di Luccio percebeu que as contas não fechavam. A faculdade, a parcela do apartamento recém-comprado e o financiamento do carro consumiam boa parte do salário.
Para sair do vermelho, decidiu vender o Celta comprado sete meses antes em 60 parcelas. "Mas não dava. Receberia R$ 20 mil, insuficiente para quitar a dívida de R$ 23,5 mil no banco. Então, decidi repassar a dívida."
O plano do estudante de arquitetura era simples. Como a venda do carro não bastava para liquidar a dívida, queria se livrar do financiamento com a entrega do carro para outra pessoa. "Vai o carro, vai a dívida", resume. Não há números oficiais, mas financeiras e lojas de automóveis reconhecem que a iniciativa de Luccio tem se repetido cada vez mais no País.
Após a exuberância do crédito fácil e abundante dos últimos anos, clientes com dificuldade financeira se desesperam ao perceber que não basta vender o carro para quitar o empréstimo. Os que mais sofrem são aqueles que optaram pelo financiamento de 100% do veículo, exatamente como Luccio.
Erro
"Um carro pode depreciar até 40% em um ano. Em um crédito de 60 meses, os pagamentos do primeiro ano amortizam 10% da dívida. Esse foi o erro que cometemos em 2010 e 2011. Reduzimos muito o juro, facilitamos demais as condições e, por isso, a inadimplência subiu", reconhece o presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), Renato Oliva.
Em outras palavras: o erro foi permitir que o bem que garante o crédito passasse a valer muito menos que a dívida. A partir daí, a entrega do carro já não é suficiente para resolver o problema gerado por um calote.
O presidente da Associação dos Revendedores de Veículos do Estado de São Paulo (Assovesp), George Chahade, lembra que o quadro fica ainda mais preocupante em situações como a atualmente enfrentada pelo setor, de inadimplência recorde.
"Aumenta a oferta de carros usados e, se o cliente tentar vender, os preços oferecidos são mais baixos que o normal, o que potencializa ainda mais o problema de quem tem dívida e obriga muitas pessoas a tentarem o repasse", diz Chahade. Do site do Estadão
5 comentários:
Aluizio,
O Celso Ming vai buscar o Tombini para dar explicações e de dá um Tombão. Segundo Tombini, muitos entendem de uma maneira e o Banco Central de maneira diferente, mas a explicação chove no Vazio.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, parece impressionado com o fato de que não consegue, como antes, fazer a cabeça dos marcadores de preços.
Embora o Banco Central tenha repisado que a inflação deste ano convergirá para o centro da meta (4,5%), o mercado insiste em trabalhar com níveis mais altos, superiores a 5,0% – mesmo depois de conhecida a inflação bem mais baixa de março (de apenas o,21%, segundo o próprio Banco Central apurou com a Pesquisa Focus.
É um pouco cedo para afirmar categoricamente que o Banco Central perdeu credibilidade porque, a rigor, ainda não há instituição mais confiável na execução dessa tarefa. Mas é inegável que a atuação do Banco Central e, mais do que isso, a falta de justificativas coerentes para ela criaram um ambiente mais carregado de incertezas.
As explicações para as decisões de política monetária mudam a cada ata do Copom. A queda dos juros começou em agosto sob o argumento de que se prenunciava catástrofe financeira de vastas proporções – que não veio. Depois, que a alta anterior dos preços das commodities havia cedido e que, assim, não pressionaria a inflação interna.
Em seguida, que a atividade econômica estava em desaceleração, o que sugeria que o Banco Central olhava também para a criação de empregos – embora a economia registrasse nesse quesito o melhor desempenho da história.
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No início deste ano, o Banco Central anunciou o que pareceu meta de juros: a determinação de alcançar a Selic de um dígito (abaixo de 10%). E a todo momento indica que o controle da inflação também passou a ser obtido por meio da imposição de providências macroprudenciais, cujo objetivo é regular o crédito ou o câmbio, e não enquadrar a inflação.
Alguns observadores têm contra-argumentado, em defesa do Banco Central, que até instituições mais ortodoxas encarregadas da estratégia e da execução da política monetária, como o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), o Banco Central Europeu (BCE), o Banco Nacional da Suíça (banco central) e o Banco do Japão (BoJ) fazem experimentos monetários. E que não faria sentido o Banco Central do Brasil ser exceção.
Esta é mesmo uma crise global diferente e exige respostas diferentes, como as dos grandes bancos centrais, no limite da responsabilidade (ou da irresponsabilidade). E não haveria, em princípio, contraindicação para que, nessas circunstâncias, o Banco Central do Brasil também buscasse outros caminhos para as Índias.
A diferença é que lá fora os novos vieses de política monetária vêm com justificativas e avisos claros dos objetivos pretendidos. Por aqui, não. A política mudou e o Banco Central procura outros efeitos. Mas mantém o discurso de que as intervenções no câmbio só buscam evitar a volatilidade das cotações, não a desvalorização do real; e que a política monetária opera apenas para enfiar a inflação para dentro da meta, não para alcançar juros de um dígito ou incentivar a atividade produtiva e o emprego.
O resultado é a criação de um cenário em que não fica clara a estratégia. É natural que essa falta de explicações prejudique uma missão importante do Banco Central num regime de metas de inflação: a da condução das expectativas.
Está convencido de que foi vencido? Tombini quer saber.
A inflação brasileira é em grande parte uma inflação de serviços. Estes não são controlados pelas importações nem pelo governo. As altas taxas de juros são na realidade realimentadores dos aumentos de preços, pois de alguma forma os empresários vãotentar repassa-las aos consumidores. O problema é que a queda nos juros teria que vir aliada a uma reforma tributária, coisa que o governo não quer nem pensar, já que tem um estado inchado de funcionários, de péssima gestão de recursos, etc.
Não são as baixas taxas de juros que aumentam o risco de inflação e sim o mau direcionamento do crédito que por questõs eleitorais foi direcionado ao consumo e não a produção e criação de novos negócios. Conseguir financiamento para comprar um carro é fácil. Agora tente conseguir crédito para abrir ou expandir um negócio.
Aluizio, você não é economista, mas por certo burro também não é. É só olhar nas ruas de banânia para ver o luxo e ostentação no desfile de carrões principalmente além de outros símbolos de status num país que, segundo o próprio governo, cresceu pouco mais de 2%, do que se deduz que tenha sido até menos. Mau direcionamento dos recursos, bolha, endividamento excessivo, roubo, desvio enfim, chamem do que quiserem, mas prosperidade é que não é. Agora, vai falar isso para os adoradores do Lula...
A foto é uma "visão do inferno"! Ela é recorrente em qualquer capital do país; o que mais se vê nas ruas são carros com uma única pessoa. O cara sai de carro para ir a padaria da esquina, a 200 m.
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