Transcrevo artigo do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, por considerar oportuno, bem escrito, com consistência e educação, sem no entanto ser complacente nos pontos essenciais. Está publicado no Diário Catarinense.
É importante que leiam e reflitam. Mesmo aqueles que por ventura discordem da posição política deste blog, a qual coincide em grande parte com a de FHC. Até porque tenho afirmado aqui em meus escritos que esta é uma eleição presidencial atípica porquanto implica o reforço ou a desmontagem da estrutura democrática forjada pela Constituição de 1988.
Hão de concordar os leitores que comungam com as teses que venho defendendo aqui e também pelas expressadas no artigo que segue após este prólogo, como também aqueles que possam estar em campos políticos opostos: o que está em jogo é o futuro da democracia e das liberdades, sobretudo da liberdade de expressão e de imprensa. São estes os valores mais caros aos seres humanos e que foram conquistados a duras penas por muitas gerações. Dilma Rousseff não tem a competência requerida para presidir a Nação. E o que é pior: não tem confiabilidade por encenar em suas falas o que lhes ditam os marqueteiros, sendo ela, portanto, uma incógnita. Estas são verdades incontestáveis. Eleição não é um jogo de aventureiros e oportunistas. É coisa muito séria e que não combina como discursos rasteiros vazados em lugares comuns, frases de efeito e trocadilhos vulgares.
O artigo de Fernando Henrique Cardoso joga um potente facho de luz que pode ajudar a clarear este importante debate. O título deste post é o original do artigo. Leiam:
Em pouco mais de dois meses escolheremos o próximo  presidente. Tempo mais do que suficiente para um balanço da situação e,  sobretudo, para assumirmos a responsabilidade pela escolha que faremos. É  inegável que a popularidade de Lula e a sensação de dinheiro no bolso,  materializada no aumento do consumo, podem dar aos eleitores a sensação  de que é melhor ficar com o conhecido do que mudar para o incerto.
Mas  o que realmente se conhece? Que nos últimos 20 anos melhorou a vida das  pessoas no Brasil, com a abertura da economia, com a estabilidade da  moeda trazida pelo Plano Real, com o fim dos monopólios estatais e com  as políticas de distribuição de renda simbolizadas pelas bolsas. Foi  nessa moldura que Lula pregou sua imagem. Arengador de méritos,  independentemente do que diga (quase nada diz, mas toca em almas  ansiosas por atenção), vem conseguindo confundir a opinião, como se  antes dele nada houvesse e depois dele, se não houver a continuidade  presumida com a eleição de sua candidata, haverá retrocesso.
Terá  êxito a estratégia? Por enquanto o que chama a atenção é a disposição  de bem menos da metade do eleitorado em votar no governo, enquanto a  votação oposicionista se mantém consistente próxima da metade. Essa  obstinação, a despeito da pressão governamental, impressiona mais do que  o fato de Lula ter transferido para sua candidata 35% a 40% dos votos.  Assim como impressiona que o apoio aos candidatos não esteja dividido  por classes de renda, mas por regiões: pobres do Sul e do Sudeste tendem  a votar mais em Serra, assim como ricos do Norte e do Nordeste, em  Dilma. O empate, depois de praticamente dois anos de campanha oficial em  favor da candidata governista, tem sabor de vitória para a oposição. É  como se a lábia presidencial tivesse alcançado um teto. De agora para  frente, a voz deverá ser a de quem o país nunca ouviu, a da candidata.  Pode surpreender? Sempre é possível. Mas pelos balbucios escutados falta  muito para convencer: falta história nacional, falta clareza nas  posições; dá a impressão de que a palavra saiu de um manequim que não  tem opiniões fortes sobre os temas e diz, meio desajeitadamente, o que  os auditórios querem ouvir.
Não terá sido esta também a técnica  de Lula? Até certo ponto, pois este quando esbraveja ou quando se aferra  pouco à verdade, o faz “autenticamente”: sente-se que pode assumir  qualquer posição porque em princípio nunca teve posição alguma. Dito em  suas próprias palavras: “Sou uma metamorfose ambulante”. Ora, o caso da  candidata do PT é o oposto (esta é, aliás, sua virtude). Tem opiniões  firmes, com as quais podemos ou não concordar, mas ela luta pelo que  crê. Este é também seu dilema: ou diz o que crê e possivelmente perde  eleitores por seu compromisso com uma visão centralizadora e burocrática  da economia e da sociedade, ou se metamorfoseia e vira personagem de  marqueteiro, pouco convincente.
Não obstante, muitos  comentaristas, como recentemente um punhado de brazilianists, quando  perguntados sobre as diferenças entre as duas candidaturas, pensam que  há mais convergências do que discrepâncias entre os candidatos. Será? As  comparações feitas, fundadas ou não, apontam mais para o lado  psicológico. O que está em jogo, entretanto, é muito mais do que a  diferença ou semelhança de personalidades. O quadro fica confundido com a  discussão deslocada do plano político para o pessoal e, pior, quando se  aceita a confusão a que me referi inicialmente entre a situação de  desafogo e bem-estar que o país vive e Lula, que dela se apossou como se  fosse obra exclusiva sua. Se tudo converge nos objetivos e se estamos  vivendo um bom momento na economia, podem pensar alguns, melhor não  trocar o certo pelo duvidoso. Só que o certo foi uma situação herdada,  que embora aperfeiçoada, tem a marca original do fabricante e o duvidoso  é a disposição da herdeira eleitoral de continuar a se inspirar na  matriz originária. O candidato da oposição, este sim, traz consigo a  marca de origem: ajudou a construir a estabilidade, a melhorar as  políticas sociais e a promover o progresso econômico.
Não nos  iludamos. O voto decidirá entre dois modelos de sociedade. Um mais  centralizador e burocrático, outro mais competitivo e meritocrático. No  geral, ambos oponentes levarão adiante o capitalismo. Estamos longe dos  dias em que o PT e sua candidata sonhavam com o que Lula nunca sonhou: o  controle social dos meios de produção e uma sociedade socialista. Mas  estamos mais perto do que parece de concretizar o que vem sendo esboçado  neste segundo mandato petista: mais controle do estado pelo partido,  mais burocratização e corporativismo na economia, mais apostas em  controles não democráticos, além de maior aproximação com governos  autoritários, revestidos de retórica popular.
A escolha a ser  feita é, portanto, decisiva. Como tudo indica, o teatro eleitoral se  está organizando para esconder o que verdadeiramente está em discussão.  Há muita gente nas elites (vilipendiadas pelo lulismo nos comícios, mas  amada pelos governantes e beneficiada por suas decisões  econômico-financeiras) aceitando confortavelmente a tese de que tanto dá  como tanto deu. Dê cara ou dê coroa, sempre haverá “um cara” para  desapertar os sapatos. 
Ledo engano. Há diferenças essenciais entre as  duas candidaturas polares. Feitas as apostas e jogado o jogo, será tarde  para choramingar, “ah, eu nunca imaginei isso”. Melhor que cada um  trate de aprofundar as razões e consequências de seu voto e escolha um  ou outro lado. Há argumentos para defender qualquer dos dois. Mas que  não são a mesma coisa, não são. E não porque num governo haverá fartura e  noutro escassez, para pobres ou ricos. E sim porque num haverá mais  transparência e liberdade que noutro. Menos controle policialesco, menos  ingerência de forças partidário-sindicais. E menos corrupção, que mais  do que um propósito é uma consequência.
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domingo, agosto 01, 2010
CARA OU COROA? Por Fernando Henrique Cardoso
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Aluizio Amorim
às
8/01/2010 02:32:00 AM
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Aluizio Amorim
às
8/01/2010 02:32:00 AM
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4 comentários:
Interessante essa situação em que os pobres apoiam incondicionalmente o Coroner Lua e nada levam, enquanto os sulistas que se rebelaram estão recebendo montões de tratores, caminhões e dinheiro a rodos.
Mas é bom frisar que o "nada levam" é figura de linguagem, já que estão felizes com apenas um meio prato de comida por dia.
Alô Aluizio
Com relação à nota do lado do Diario Catarinense da turma de botocudos resgatados de morro da Cambirela.
QUANDO É QUE VAMOS COBRAR POR TIRAR IDIOTAS DE SITUAÇÕES RIDÍCULAS em que os próprios se meteram E CAUSAM prejuízos para nós,desviam equipes de urgências de locais realmente necessários?.
Tô de saco cheio em ver estes panacas metidos à aventureiros se meterem em enrascadas e solicitarem ajuda(seria necessário mesmo?) e NÓS PAGANDO A CONTA.
abraços
e tire esta m##$# de petista anônimo que ACHOU TRATORES E DINHEIRO À RODO para os sulistas
é um fio da #$%$#
abraços
karlos
PSDB, o q vcs fazem falam tão alto q eu ñ escuto o q vcs dizem. E até nos dizeres acabam se revelando.
FHC fala q ñ há convergências entre PT e PSDB. Ha ha ha ha!!! O q assistimos é uma total leniência do PSDB aos desmanados do PT e seus asseclas. Em diverdas entrevistas concedidas, Serra deixa à vontade a atuação esquerdopata e até elogia a esquerda.
Ora senhores, como é difícil perceberem as coisas.
Assistam este vídeo: http://tv.estadao.com.br/videos,jose-serra-fala-sobre-seu-vice-indio-da-costa-e-sobre-o-pt,113493,260,0.htm
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