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sexta-feira, novembro 05, 2010

ARTIGO: Ele é a outra.

Por Nilson Borges Filho (*) 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve estar exagerando em algum tipo de medicação, pois é incapaz de manter uma certa lógica na sua discurseira diária após o último pleito. Na primeira aparição pública, na companhia de Dilma Rousseff, Lula deitou falação: atacou o adversário José Serra de forma deselegante, chamou a oposição de raivosa e determinou que o próximo ministério tinha que ter “a cara” da candidata eleita.

Já no dia seguinte, ignorando qualquer apreço pela liturgia do cargo e – parece – ainda sob o efeito de forte medicação, decidiu escalar alguns titulares para a formação da equipe ministerial da sua sucessora. Inicialmente sugeriu que a presidente eleita devesse manter os ministros da área econômica, o da Fazenda Guido Mantega e o do Banco Central Henrique Meirelles. Não contente com as duas indicações, foi além na sua corriqueira incontinência verbal ao insinuar que os ministros Nelson Jobim e Fernando Hadad deveriam continuar à frente das suas respectivas pastas.

Em apenas dois dias – nada mais do que isso – Lula já indicou quatro ministros para a equipe que deveria ter “a cara” de Dilma Rousseff. Coube ainda ao presidente vetar a indicação de Antônio Palocci para Chefe da Casa Civil, sob a alegação de que o ex-ministro da Fazenda poderia fazer sombra à presidente. Sendo médico por formação, por que não fazer de Palocci ministro da Saúde e remanejar Paulo Bernardo do ministério do Planejamento para a Casa Civil, indagou o presidente Lula?

Afinal, Paulo Bernardo não tem ambição política e conta com a simpatia de Dilma. Como passou oito anos na Chefia de Gabinete da presidência da República, Lula deixou escapar que Gilberto Carvalho deveria continuar no posto, pois ninguém conhece melhor o caminho das pedras da burocracia estatal do que o seu auxiliar mais próximo.

Por baixo, bem por baixo, já são em número de sete os indicados de Lula para o ministério. Até o fechamento deste artigo, a presidente eleita – que deveria montar um ministério com a sua “cara” – não se fixou publicamente em nenhum nome para o seu gabinete. Não fossem as maracutaias da família Guerra, arrombando cofres do erário público em troca de 6%  de “êxito” em negócios escusos, provavelmente Erenice seria a Dilma da Dilma.

Ocorre que as investigações se encaminham para um desfecho nada confortável para os envolvidos, inclusive aqueles tidos como ocultos. Encontra-se na memória do eleitor catarinense, um Lula palanqueiro excitadíssimo, movido sabe-se lá a quê, exigindo aos berros que o DEM fosse extirpado da política nacional. Com o seu linguajar de botequim atacou os Bornhausen, sem mais nem menos.

Agora, esse outro Lula decide como a oposição deve se comportar no próximo governo, diferentemente da forma como agiu com o seu governo, diz ele. Bobagem. Lula bem sabe que se a oposição tivesse um pouco de rigor ele teria sofrido impeachment, no momento em que Duda Mendonça, depondo na CPI do mensalão, confirmou que recebeu 10 milhões de dólares, de origem pra lá de duvidosa, depositados em uma conta no exterior, como pagamento por “serviços” prestados como marqueteiro da campanha presidencial do seu primeiro mandato.

É fato, e a história comprova, que Lula tentou negociar a sua permanência no cargo, oferecendo como moeda de troca não disputar a reeleição. Acreditando que Lula sangraria até a sua morte política, a oposição deixou que as coisas tomassem o seu curso e abandonou a ideia do impeachmento. O final dessa história é do conhecimento de todos. Ou não?

O processo dos quadrilheiros do mensalão encontra-se na mesa do ministro do STF, Joaquim Barbosa, que em breve oferecerá  seu voto em sessão ordinária da Corte. A Polícia Federal está fechando o cerco nos dois casos em andamento: a quebra do sigilo fiscal da família de José Serra e o caso da propina nas negociatas na Casa Civil. Os próximos meses serão animadíssimos. 

(*) Nilson Borges Filho é mestre, doutor e pós-doutor em Direito. Foi professor da UFSC e da UFMG. É articulista colaborador deste blog.

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3 comentários:

Magui disse...

Eu acho que o Lula dá nomes para não serem escolhidos e , então, ficar à mostra a independência da presidenta.Substimar o VELHACO é uma temeridade...O autor do texto é mestre nos livros o outro é na esperteza.

Anônimo disse...

Caro Aluizio: O Lula é o maior mala que eu conheço, passou oito anos enrolando a oposição, e agora vai passar mais 04 anos no mesmo esquema, aliás já está a caminho o enrolation.

Anônimo disse...

psdb (assim com minusculas) oposição? Com o cagão do Serra, elogiando o cachaceiro e sendo bonzinho, deu no que deu! Vamos fortalecer o DEM, que parece ser hoje o ÚNICO partido de oposição neste pobre Brasil!
XÔ CPMF! XÔ psdb!
Eduardo.45