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segunda-feira, novembro 01, 2010

ARTIGO: País partido

Por Nilson Borges Filho (*) 

Confirmou-se tudo aquilo que as pesquisas vinham divulgando nas últimas semanas: a vitória de Dilma Rousseff  à presidência da República.  A candidata petista venceu com  54 milhões de votos. Pode-se afirmar que a eleição da candidata petista não se deu pelos seus méritos, mas pelo atrelamento da sua candidatura à popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, queiram ou não, é inquestionável, principalmente quando se trata das camadas mais pobres da população.

Por outro lado, não se pode desconsiderar que 43 milhões de brasileiros que votaram em Serra não desejavam Dilma Rousseff na presidência do Brasil.  Não é pouca coisa, são  44% dos votos válidos despejados nas urnas por esse País afora. Lula transformou o pleito de 2010 numa questão pessoal. Por conta disso, atropelou a Constituição, desqualificou a justiça eleitoral, mentiu, utilizou o bem público em campanha, abandonou o emprego, menosprezou adversários, perdeu a compostura por sua incontinência verbal e, por tudo isso, sai da presidência menor do que entrou.

O presidente desembarca do cargo com altos índices de aceitação, mas sua sucessora herda um País dividido, nos planos geográfico, politico e eleitoral. São muitas as feridas deixadas por Lula, a maioria de difícil cicratização. Pior, nos armários da presidência existem esqueletos que virão à tona, cedo ou tarde. A bomba da vez atende pelo nome de Erenice Guerra, a ex-Chefe da Casa Civil e braço direito da presidente eleita. Está para explodir, com efeito devastador, novas informações sobre o Bancoop. O cadáver do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, continua insepulto.

Embora tais questões se direcionem mais ao PT do que à Dilma, não se pode negar que afetarão à presidência. Estruturalmente, Dilma vai ter que enfrentar o endividamente do Estado, a questão cambial, o déficit previdenciário, a reforma política e tributária e, principalmente, a falta de infraestrutura para enfrentar uma Olimpíada e  uma Copa do Mundo.

Como o Brasil adotou um sistema de presidencialismo de coalizão, Dilma ficará nas mãos de um arco extenso de alianças, nada confortável em se tratando do fisiologismo partidário brasileiro. Na outra ponta, a presidente vai enfrentar as demandas dos movimentos sociais e o apego ao Estado pelo sindicalismo chapa-branca. O neopeleguismo, antes do encerramento do pleito, já se movimentava na divisão dos cargos.

As instituições no Brasil ainda são frágeis e não se encontram totalmente consolidadas no campo democrático. O PT, que não é muito atento às regras democráticas, pressionará o governo para que endureça com a imprensa e a mantenha no cabresto, com a justificativa desonesta de controle social da mídia.

O Brasil melhorou em muitos indicadores sociais, mas ainda permanece aquém do mínimo desejável nas áreas da educação, saúde e segurança – isso em comparação aos nossos vizinhos, até mesmo com a República Oriental do Uruguay. Dilma saiu das costelas de um homem, chegou à presidência por que esse homem assim a quis e levará para o Palácio do Planalto o fastasma de um ex-presidente com 80% de aprovação. Dilma contará com a maioria na Câmara e no Senado, desde que atenda o apetite do PMDB.

E, para concluir, um dado relevante: a maior parcela do PIB brasileiro encontra-se nos Estados governados pela oposição. O Brasil que emerge destas eleições é um País partido: de um lado o Brasil que produz, do outro o Brasil do bolsa-família. Duas notícias: uma boa, a outra ruim. A boa: sai a farsa. A ruim: entra a fraude. 

(*) Nilson Borges Filho é mestre, doutor e pós-doutor em Direito. Foi professor da UFSC e da UFMG. É articulista colaborador deste blog.

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6 comentários:

Anônimo disse...

Hoje, dia das bruxas, vem uma governar o Brasil...chega sem família, sem passado...Deus nos defenda...

Newdelia disse...

Coitada,ela não dará conta e como Cristina, na Argentina, terá que ter alguém segurando suas mãos... e como ela, de humilde nao tem nada, será um caos

Agonista disse...

Realmente, 43.710.722 eleitores votaram contra Dilma, mas não foi só isso. Os eleitores aptos para votar, registrados no TSE, totalizam 135.804.433, a aprovação de Dilma é de 55.752.092, que corresponde a 41.05% do eleitorado total e menos da metade dele. Pode-se dizer, usando o mesmo critério, que essa foi a sua aprovação, já a sua rejeição explícita foi de 32,19%, a votação de Serra. Os demais 26,76%, o que equivale dizer, 36.341.919, não a rejeitaram expressamente, mas também não a aprovaram.

Ferreira Pena disse...

A frouxidão moral que toma conta dos brasileiros é histórica, dai aprovarmos nessa eleição, alguém sobre quem pesa as mais graves acusações. O crime, o embuste, a mentira, não faz a mínima diferença para nós. Essa atitude só faz adiar o nosso futuro. Se não temos valores, o que baliza o caminho? Que nos preparemos para ver a tranquilidade proporcionada pelo Real ir para o lixo. Serão anos jogados fora. Seis meses a um ano bastam. A incompetência e a cabeça dura dessa mulher será um fracasso. Qualquer criança de dez anos é capaz de raciocinar e falar uma frase com lógica, princípio, meio e fim. A Fraude aos 72 anos não consegue. O que nos espera? Desarticulação total com petistas grosseiros e bandidos no comando. A corrupção terá continuidade. Só isso.

Anônimo disse...

Amorimn, temos que nos unir, onde essa jararaca e a mula aparecerem vaia neles!

Ixmael_BH disse...

Meu caro AA, um povo que joga lixo pelas ruas do país inteiro e deposita mais lixo ainda no congresso e na presidência (em caixa baixa), só pode atrair mesmo os urubus típicos dos aterros sanitários. É "lindo" ver como este estado de putrefação moral degrada implacavelmente uma sociedade sonolenta e submissa como a nossa. Saudações republicanas.