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segunda-feira, janeiro 23, 2012

PENAS DE TUCANOS VOAM PARA TODOS OS LADOS: FHC ARQUIVA JOSÉ SERRA E ADUBA A CANDIDATURA DE AÉCIO NEVES À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso apontou o senador mineiro Aécio Neves como "candidato natural" do PSDB à Presidência em 2014. Em entrevista à publicação britânica The Economist, FHC prevê uma "luta interna muito forte" entre Aécio e o ex-governador de São Paulo, José Serra, pela indicação do partido nas eleições nacionais. 
Em uma conversa com a jornalista Helen Joyce, chefe do escritório da revista em São Paulo, realizada no dia 12 de janeiro, o ex-presidente destaca a importância de unidade dentro do PSDB para a escolha de seu candidato daqui a três anos. Questionado sobre quem seria o "candidato natural", FHC respondeu sem rodeios: "Aécio Neves".
O tucano não retira Serra da disputa, indicando que "as coisas ficarão mais claras depois das eleições municipais". No entanto, FHC indica que o ex-governador pode desistir da disputa para promover a renovação do partido e chega a compará-lo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disputou a Presidência diversas vezes.
"No caso do PSDB, o ex-governador Serra desempenha o papel do Lula: ele tem coragem, ele gosta de competir. Eu não sei até que ponto ele vai estar convencido de que isso não é para ele, que deve abrir espaço para os outros", avaliou o ex-presidente.
Já a participação do governador paulista Geraldo Alckmin na disputa nacional de 2014 foi praticamente descartada por FHC.
O ex-presidente criticou a campanha tucana à Presidência em 2010, quando Serra foi derrotado por Dilma Rousseff no 2º turno. Ele afirma que "o PSDB cometeu erros enormes" e insinua que o fracasso se deveu ao isolamento de Serra dentro do partido.
"Nosso candidato estava isolado internamente. O que estou tentando expressar é que seria possível vencer. O erro foi nosso.", disse à Economist.
Perguntado pela jornalista se o partido conseguiria vencer com o mesmo candidato - Serra -, FHC foi reticente: "Bom... Talvez não".
Para o ex-presidente, o partido sabe que precisa estar unido, mas lamenta que a política partidária brasileira se baseie na personalidade de seus protagonistas, e não em valores. Ele diz acreditar que Aécio tenha forçar para vencer as eleições.
"Aécio é de uma cultura brasileira mais tradicional, mais disposta a estabelecer alianças. Ele tem apoio em Minas Gerais. São Paulo não é assim, é sempre dividido, é muito grande", disse.
FHC afirma que o PSDB ficou carente de lideranças fortes depois que deixou o Palácio do Planalto, em janeiro de 2003. Ele sinaliza que não houve consenso na organização hierárquica do partido após a morte do ex-governador de São Paulo Mário Covas - seu sucessor natural no partido.
"(Em 2002,) eu decidi que era hora de abrir espaço para outros, não apenas por generosidade, mas também porque eu estava cansado de exercer a liderança política. Covas morreu e nenhum líder claro me substituiu. Havia uma tensão permanente entre três ou quatro candidatos, e, no fim, o Serra se tornou candidato, mas sem convencer os outros de que ele era o homem certo", descreveu FHC. "Eu tomei a minha decisão: abrir espaço. E esse espaço ainda está aberto."
O ex-presidente aponta a existência de uma "nova geração" de líderes, em que se incluem, além de Aécio e Serra, o ex-governador do Ceará Tasso Jereissati; o governador do Pará, Simão Jatene; e o governador de Goiás, Marconi Perillo. FHC também faz um aceno ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente nacional do PSB.

"(Eduardo Campos) pode se tornar um líder - ele tem algumas das características necessárias. Ele seria capaz (de se fortalecer), mas ainda não. É uma possibilidade", disse. Do site do jornal O Estado de S. Paulo
MEU COMENTÁRIO: A análise de FHC é pertinente em alguns aspectos. Todavia, ao final, ao listar possíveis lideranças escorregou citando Tasso Jereissati.
A verdade é que o PSDB continua sendo apenas um partido paulista - por enquanto - e no resto do país é inexpressivo.
Além disso é completamente desarticulado em nível nacional. Honestamente, não vejo nenhuma possibilidade de unidade do PSDB.
Se Aécio Neves for o candidato, o que deverá mesmo ocorrer, a derrota será ainda mais vergonhosa, já que o mineiro não conseguirá os votos paulistas e nem mesmo do resto do Sul do país.
Embora FHC tenha minimizado o protagonismo político do Eduardo Campos, não resta a menor dúvida de que vai se consolidando como um nome fortíssimo na disputa presidencial.
A continuidade da hegemonia do PT depende do resultado das eleições municipais em São Paulo, sobretudo na capital. Aí será jogado o futuro tanto do PT como do PSDB.
Contudo, fazer prognósticos em política é algo muito difícil, senão impossível. As variáveis que possibilitam uma análise nesse momento podem não ter qualquer influência mais adiante quando as pedras do xadrez forem mexidas definitivamente.
Mas, pelas palavras de FHC, José Serra não será candidato à Presidência da República em 2014. E, pelo fato de sempre deixar para a última hora sua decisão de assumir oficialmente uma candidatura, como ocorreu na ultima eleição presidencial, nestas alturas Serra já não reúne condições nem para disputar a prefeitura de São Paulo.

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