De acordo com o advogado do governo italiano, Ricardo Freire Vasconcelos, a decisão do presidente Lula abala as responsabilidades legais e deve ser revista pelos ministros do Supremo. “Isso é matéria de competência do plenário do STF, diante da complexidade do caso”, afirmou.
Já a advogada de Battisti, Renata Saraiva, avalia que não cabe mais recurso da decisão e que o STF deve apenas entregar o comunicado formal do alvará de soltura do terrorista. “Eu não acho que seja cabível de recurso, é uma decisão soberana do presidente Lula”, disse ao site de VEJA.
Renata disse que seu cliente ainda não decidiu em que cidade do país deve morar, nem que atividades pretende desempenhar quando sair da cadeia. Em recente encontro com a advogada, o terrorista afirmou que quer apenas "viver um dia após o outro”.
Diplomacia - O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, classificou a decisão de Lula como "contrária ao senso mais elementar de justiça". O premiê prometeu ainda dar prosseguimento à "batalha" para obter a extradição do terrorista.
Já o ministro italiano da Defesa, Ignazio La Russa, classificou como "injusta e gravemente ofensiva" a decisão de Lula. O embaixador da Itália no Brasil, Gherardo La Francesca, foi chamado de volta a Roma para consultas. A convocação não significa que o país pretende tomar decisões mais drásticas em relação ao Brasil, como fechar a sede da embaixada italiana em Brasília. La Francesca deve viajar à Itália na próxima segunda-feira.
Terrorismo - Battisti é acusado de quatro homicídios ocorridos nos anos 70, quando liderava a organização extremista Proletários Armados pelo Comunismo (PAC). À revelia, o italiano foi condenado à prisão perpétua no país de origem.
O julgamento terminou em 1993. No entanto, ele nunca cumpriu pena. Fugiu para a França, onde viveu até 2004, quando o então presidente do país, Jacques Chirac, se posicionou a favor da extradição.
Battisti fugiu de novo e veio parar no Brasil. Em março de 2007, foi preso no Rio de Janeiro e transferido para Brasília. Em 2009, o STF autorizou sua extradição para a Itália e deixou a decisão final para o presidente Lula. Do portal da revista Veja